O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) completou mais de quatro dias em greve de fome, em protesto contra a recomendação de sua cassação pelo Conselho de Ética da Câmara. A ação, no entanto, provocou reações divididas. Enquanto figuras do governo, como os ministros Gleisi Hoffmann e Márcio Macedo, demonstraram apoio, a oposição e parlamentares do centrão classificaram o protesto como “ato cênico”.
Instalado no Plenário 5 da Câmara e alimentando-se apenas com soro, isotônicos e água de coco, Braga alega estar sendo alvo de uma perseguição política. Ele é acusado de agredir Gabriel Costenaro, militante do MBL, episódio registrado por câmeras e testemunhas. Para o deputado Kim Kataguiri (União-SP), que integra o Conselho de Ética, a greve é uma tentativa de vitimização: “Esse tipo de teatrinho não comove ninguém”, declarou.
A defesa de Glauber sustenta que o processo é fruto de uma articulação golpista, citando inclusive o nome do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, como suposto articulador da cassação — acusação que Kataguiri rebateu pedindo provas. A cúpula do Psol afirma que a punição é desproporcional e com motivação política, mas reconhece o desgaste institucional causado pelo episódio.
Apesar da visibilidade, o gesto não alterou o curso do processo. A expectativa é que o caso vá ao plenário nas próximas semanas, enquanto o parlamentar segue com seu protesto, gerando repercussão dentro e fora do Congresso.