Na coluna Opinião do Estadão, é abordado o impacto negativo da ideologização da política exterior brasileira sob a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto destaca que essa abordagem tem gerado um cenário de retrocesso em áreas cruciais, como a defesa nacional. O alerta vem do próprio ministro da Defesa, José Múcio, que, em um evento na Confederação Nacional da Indústria, revelou que as Forças Armadas enfrentam adversidades e cortes orçamentários devido a “ranços ideológicos” que permeiam o governo.
A principal preocupação expressa por Múcio é a obstrução de compras essenciais para a modernização e o fortalecimento das Forças Armadas. Um exemplo emblemático é a licitação para aquisição de 36 obuseiros, que deveria ser uma oportunidade para o Exército brasileiro equipar-se com tecnologia de ponta vinda de empresas de Israel. Contudo, o chanceler paralelo de Lula, Celso Amorim, travou a compra, alegando questões ideológicas, mesmo com o Tribunal de Contas da União confirmando que não existem embargos legais para a transação.
Essa situação exemplifica como a ideologia tem prevalecido sobre a lógica e a necessidade estratégica. A recusa em adquirir equipamentos militares de países em conflito, como Israel, acaba por desarmar as Forças Armadas brasileiras, ao mesmo tempo que impede a exportação de materiais e produtos brasileiros, como a proibição da venda de munições à Alemanha e de ambulâncias à Ucrânia.
Múcio destacou que o governo justificou a interrupção das exportações com o medo de que isso prejudicasse acordos de fertilizantes com a Rússia, levando a um impasse que compromete tanto a capacidade defensiva do Brasil quanto sua posição no comércio internacional. Enquanto isso, o Brasil continua a importar potássio da Canadá, ignorando suas próprias reservas na Amazônia que poderiam ser exploradas de forma sustentável, em benefício das comunidades locais.
Além de comprometer a defesa nacional e a economia, a postura ideológica do governo é reflexo de uma visão distorcida sobre as necessidades do Brasil no cenário global. Em vez de fortalecer as Forças Armadas, Lula sugere que os recrutas sejam treinados para enfrentar “questões climáticas”, desconsiderando a realidade de um mundo repleto de conflitos e tensões geopolíticas. A visão de Lula, que equipara a defesa a um idealismo pacifista, ignora a necessidade de preparar o Brasil para potenciais ameaças externas.
Ao que parece, o governo atual subestima a importância das Forças Armadas e o papel que desempenham na segurança nacional. Lula, em declarações controversas, sugere que países sob ataque deveriam ceder territórios como uma forma de alcançar a paz, o que levanta questões sérias sobre o compromisso do Brasil com sua própria soberania e segurança.
Enquanto o Brasil permanece em uma posição geograficamente privilegiada e com riscos relativamente baixos de invasão, o que se observa é um governo que, por razões ideológicas e de ignorância, pode comprometer a segurança nacional e a soberania do país. A defesa do Brasil não deve ser vista como um peso, mas como um pilar essencial de sua integridade e independência.
Assim, o país precisa urgentemente repensar sua política de defesa e suas relações internacionais, afastando-se do sectarismo ideológico e buscando estratégias que garantam não apenas a paz, mas também a segurança e o desenvolvimento sustentável. É preciso que as decisões sejam baseadas em pragmatismo e na realidade geopolítica, não em ideologias que, como advertiu o ministro Múcio, podem resultar em danos irreparáveis para a defesa nacional e para o futuro do Brasil.