O bloqueio à rede social X, de Elon Musk, representa um sério ataque à liberdade de imprensa. Não existe outra plataforma com a abrangência e acessibilidade semelhantes àquelas oferecidas pelo X, que conecta diretamente importantes personalidades globais e suas publicações. Com a restrição de acesso, o Brasil se vê excluído de debates essenciais e perde informações relevantes que são divulgadas primeiramente no X.
A plataforma é utilizada por líderes como o presidente dos EUA, Joe Biden, e por figuras como Nicolás Maduro, da Venezuela. Também é acessada por bilionários influentes como Bill Gates e George Soros, e eventos significativos, como a transmissão ao vivo da operação que eliminou Osama bin Laden, foram inicialmente divulgados no X. A rede é crucial para grandes canais de notícias, analistas políticos e influenciadores em todo o mundo.
Antes da suspensão, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia intimado Elon Musk, dono da plataforma, através do X, no último mês de agosto. A conta oficial do STF marcou o perfil de Musk e o Global Government Affairs do X, solicitando a indicação de um representante legal no Brasil.
“Estamos vivendo um momento tenso em nosso país, refletido também na atuação dos jornalistas. Como eles irão relatar esses eventos? Eles se sentem seguros para usar uma ferramenta que está totalmente restrita?”, questiona Daniela Alves, cofundadora do GovChainLab, projeto de governança em tecnologia.
As hashtags do X têm um impacto significativo nas mobilizações sociais. Exemplos disso são a hashtag #OGiganteAcordou, durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e a hashtag #CriançaNãoÉMãe, que influenciou a tramitação do PL Antiaborto. As hashtags possibilitam uma rápida mobilização e divulgação de informações, algo que é especialmente valioso para a democracia.
Marcelo Suano, doutor em Ciência Política pela USP, destaca que uma verdadeira democracia depende da capacidade dos cidadãos de buscar e divulgar informações. “O X é atualmente a principal rede que viabiliza essa troca de informações”, explica Suano.
O impacto do X é evidente em eventos como a Primavera Árabe, quando a plataforma foi crucial para a organização de protestos contra ditaduras no Oriente Médio. Apesar dos desafios, o X continua desempenhando um papel vital na disseminação de informações em tempo real, como demonstrado pelo Twitter Files Brasil, que expôs decisões de censura do ministro Alexandre de Moraes.
“Quando há restrições à liberdade de atuação de jornalistas, a própria democracia fica ameaçada. Se há bloqueios ao uso de ferramentas essenciais como o X, o trabalho jornalístico é prejudicado”, ressalta Alves.
A postura de Musk em relação à liberdade de expressão torna o X único entre as redes sociais. Especialistas afirmam que a plataforma é insubstituível devido ao seu fluxo de informações e influência política. Além disso, a resistência de Musk à censura de autoridades como Alexandre de Moraes faz do X um espaço singular para o debate público.
“Os veículos de mídia tradicionais têm uma visão política clara e não podem substituir a função do X. Outras plataformas sociais também estão sendo controladas, como demonstrado pela recente admissão de Mark Zuckerberg sobre censura no Facebook”, observa Suano.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, admitiu ter censurado perfis no Facebook sob pressão do presidente Joe Biden, conforme revelado em uma carta ao Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos EUA.
“O futuro está na governança descentralizada, que permite a escuta de todos, como ocorre no X com as ‘notas da comunidade’. Devemos defender a liberdade de expressão e garantir que as pessoas possam se comunicar adequadamente. Esse é um pilar fundamental da democracia”, conclui Alves.
*As informações são da Gazeta do Povo.