O desembargador aposentado Sebastião Coelho afirmou que o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal (PF) no inquérito sobre um suposto plano de golpe de Estado tinha como propósito central atingir diretamente o líder conservador. Para Coelho, a investigação, que resultou no indiciamento de 37 pessoas, parece direcionada para justificar a prisão de Bolsonaro.
– É claro que a inclusão de Bolsonaro no inquérito iria acontecer. O objetivo de tudo que está sendo feito não é outro: prender Bolsonaro. Para que isso aconteça, eles precisam envolver todo o seu entorno, aquelas pessoas que trabalharam com o presidente, aquelas pessoas mais próximas – afirmou Coelho em entrevista à revista Oeste.
Críticas à falta de provas
Coelho questionou a falta de transparência nas provas apresentadas pela PF e criticou a condução do inquérito. Segundo ele, as informações disponibilizadas até o momento não sustentam a acusação de tentativa de golpe de Estado.
– Tudo que temos é o que a PF escreve e manda no pedido para o ministro Alexandre de Moraes. Ele toma uma decisão e cita apenas o que a PF apresenta, mas não apresenta prova – disse o desembargador.
Para Coelho, mesmo que atos isolados tenham ocorrido, eles não configuram uma tentativa articulada de golpe.
O inquérito, que investiga uma suposta conspiração para anular os resultados das eleições de 2022, também inclui figuras próximas a Bolsonaro, como ex-ministros e líderes partidários. Entre os 37 indiciados estão o general Walter Braga Netto, ex-candidato a vice de Bolsonaro, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Apesar das acusações, Coelho argumenta que a narrativa construída em torno do caso busca enfraquecer Bolsonaro e seus aliados, sem apresentar elementos sólidos que justifiquem as denúncias.
A inclusão de Bolsonaro no inquérito reacende o debate sobre a judicialização da política e a polarização no Brasil. Para apoiadores do ex-presidente, como Coelho, o caso é mais uma tentativa de minar a direita brasileira e perseguir adversários políticos.