Contraste com o Senado: enquanto o Planalto guarda silêncio, o Senado realiza sessão solene em homenagem às vítimas
No dia que marca dois anos dos ataques do Hamas a Israel (7 de outubro de 2023), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva permanece em silêncio — sem nota oficial, declaração pública ou menção em redes sociais — mesmo com a confirmação de que quatro cidadãos brasileiros foram mortos nos ataques.
A omissão do Palácio do Planalto contrasta com a postura do Senado Federal, que organizou nesta terça-feira (7) uma sessão solene para recordar as vítimas dos atentados, a pedido do senador Sergio Moro (União-PR).
Cerimônia no Senado e homenagens
A sessão contou com a presença de autoridades diplomáticas e da comunidade judaica, incluindo:
- Rasha Athamni, encarregada de negócios da Embaixada de Israel no Brasil;
- Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib);
- Carlos Reiss, coordenador do Museu do Holocausto de Curitiba;
- Rafael Zimerman, sobrevivente brasileiro do ataque ao festival Nova;
- E o filósofo Denis Rosenfield.
Durante o evento foram executados o Hino Nacional Brasileiro e o Hino de Israel, além de um momento de silêncio pelas vítimas. Também foram exibidas imagens de reféns ainda mantidos pelo Hamas. Parlamentares de diferentes partidos — incluindo Jaques Wagner (PT-BA) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ) — participaram e manifestaram repúdio ao terrorismo e solidariedade às famílias.
“O Brasil precisa reconhecer o sofrimento das famílias que perderam seus entes no maior massacre de judeus desde o Holocausto”, declarou Moro, criticando o avanço do antissemitismo.
Mortes de brasileiros em 2023
Entre as vítimas confirmadas está Michel Nisembaum, que morreu após meses em cativeiro. O Palácio do Planalto e o Itamaraty publicaram notas oficiais à época lamentando as mortes, mas geralmente sem detalhar as circunstâncias ou usar termos fortes como “assassinato”.
Embora o governo tenha reconhecido oficialmente a morte de quatro brasileiros entre 2023 e 2024, sua comunicação posterior priorizou críticas à atuação de Israel, em vez de reforçar a memória das vítimas nacionais.
Dissonância diplomática
Desde o início da guerra, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu mais de 60 notas oficiais criticando ações israelenses, como bombardeios e expansão de assentamentos. Em contraste, foram apenas cerca de dez comunicados dedicados ao Hamas ou às vítimas brasileiras.
Em um exemplo de política externa controversa, em fevereiro de 2024 o presidente Lula comparou a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto. A fala gerou forte repercussão diplomática: Israel declarou Lula persona non grata e convocou o embaixador brasileiro.
Em 2025, o governo manteve uma postura crítica — em junho, caracterizou a guerra como “genocídio” e voltou a denunciar a expansão dos assentamentos como “ilegalidade flagrante no direito internacional”.