Apesar da Reforma Trabalhista, país mantém uma das maiores estruturas sindicais do mundo
Apontado na CPMI do INSS como inspiração para o esquema de descontos ilegais em aposentados — criado para substituir a antiga e lucrativa “contribuição obrigatória” — o sistema sindical brasileiro continua sendo um negócio altamente rentável. Mesmo após a Reforma Trabalhista de 2017, que extinguiu o imposto sindical compulsório, o país ainda abriga cerca de 15 mil entidades entre sindicatos, federações e confederações.
Antes da reforma, eram aproximadamente 17 mil. A redução, portanto, foi mínima, revelando a força de uma estrutura resistente, burocrática e inflada.
Para efeito de comparação internacional:
- China, com 1,4 bilhão de habitantes: 1.713 sindicatos.
- Estados Unidos, ícone do capitalismo: 7 mil sindicatos, segundo o Bureau of Labor Statistics.
- Alemanha, referência em sindicalismo estruturado: menos de 100 entidades.
O contraste escancara o tamanho desproporcional da máquina sindical brasileira.
Herança da CLT criou uma “indústria sindical”
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada por Getúlio Vargas, instituiu o modelo de unicidade sindical: apenas um sindicato por categoria e por base territorial. Na prática, o sistema virou um Frankenstein corporativista, blindado por regras estatais e sustentado por fontes variadas de arrecadação.
Mesmo após o fim do imposto compulsório, muitas entidades continuaram sobrevivendo graças a:
- contribuições de associados;
- taxas assistenciais e confederativas;
- convênios públicos;
- taxas descontadas diretamente em folha;
- cobranças indevidas, como as investigadas pela CPMI.
Brasil supera até países tradicionalmente grevistas
A comparação com a França — país historicamente marcado por greves e mobilizações — é ainda mais gritante. Lá, existem apenas cinco grandes confederações, como a CGT e a CFDT, além de algumas dezenas de sindicatos setoriais. Nada semelhante à proliferação brasileira.
Reforma Trabalhista não mudou o quadro
Apesar da extinção do imposto sindical e do fim da garantia automática de receita, o número de entidades caiu de 17 mil para apenas 15 mil — sinal de que o sistema continua extremamente atraente para grupos que veem no sindicalismo uma oportunidade de arrecadação, influência política e vantagem econômica.
A CPMI do INSS vem revelando que, em alguns casos, o sindicalismo brasileiro extrapolou sua função original e transformou-se em plataforma para esquemas milionários, prejudicando justamente quem deveria proteger: trabalhadores e aposentados.