O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou em uma entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast que o governo está considerando favoravelmente uma contraproposta para a reoneração gradual da folha de pagamento das empresas.
“Estamos inclinados a aceitar a contraproposta deles, que consiste em iniciar a reoneração em 2025, mantendo 2024 inalterado e, ao longo de quatro anos, implementar a reoneração. A partir de 2028, estaria totalmente reonerado”, explicou Haddad. Ele também mencionou uma condição especial para o 13º salário, que só seria reonerado a partir de 2028.
Entretanto, representantes dos 17 setores beneficiados pela desoneração negaram que essa tenha sido a proposta oficial apresentada à Fazenda. Diante do impasse sobre a volta iminente da cobrança sobre a folha de pagamento, as empresas buscavam convencer a equipe de Haddad a manter o benefício por mais dois anos, até 2025, e solicitavam uma retomada mais gradual da contribuição patronal até 2029.
Esses setores, que empregam cerca de 9 milhões de pessoas e são intensivos em mão de obra, argumentam que o benefício é crucial para a preservação dos empregos.
Para discutir esse assunto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), receberá Haddad no Senado ainda hoje. Pacheco tem sido crítico da decisão do governo de levar o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF) após o Congresso ter aprovado a prorrogação do benefício até 2027.
Haddad afirmou que a contraproposta dos setores é vista com inclinação positiva pelo governo, mas destacou a necessidade de calcular as compensações para a manutenção do benefício em 2024. Sobre a desoneração para os municípios, ele ressaltou que o problema é de outra natureza e sugeriu alternativas que não comprometam a base de arrecadação da Previdência, visando preservar a receita e evitar cortes futuros que impactem os mais pobres.