Em uma entrevista reveladora ao jornal O Estado de São Paulo, o ex-presidente Michel Temer (MDB) aponta para o que considera uma desconexão entre as palavras e ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), especialmente em relação à promessa de pacificar o país durante seu terceiro governo. Para Temer, essa lacuna representa uma falha na vontade política de Lula em governar para todos os brasileiros.
Temer que inicialmente expressou sua confiança na capacidade de Lula de unificar o país, hoje lamenta que essa expectativa não tenha se concretizado. Ele ressalta a importância da ação em consonância com as palavras e destaca que, apesar das divergências inevitáveis, esperava-se um compromisso claro com a pacificação nacional.
Além disso, Temer aponta para uma radicalização política que permeia a relação entre os governos sucessivos no Brasil. Ele critica a tendência de cada novo governo tentar desfazer as políticas de seus predecessores, enfatizando que isso mina a harmonia do país. Segundo ele, essa atitude cria um ciclo de hostilidade que prejudica a estabilidade política e econômica.
Temer também aborda a questão da interferência do Judiciário nos assuntos políticos, atribuindo isso, em parte, à Constituição detalhada do país. Ele destaca a importância da independência dos poderes e critica a excessiva judicialização da política, que muitas vezes leva questões cruciais a serem decididas pelo Supremo Tribunal Federal.
Apesar das críticas, Temer reconhece que a gestão de Lula pode estar em uma trajetória de melhora, especialmente na economia, atribuindo isso em parte ao desempenho de ministros como Fernando Haddad. No entanto, ele observa que a interferência do presidente e da Casa Civil nas decisões econômicas pode ser prejudicial ao progresso do país.
Por fim, a entrevista de Michel Temer oferece uma visão franca e crítica sobre a situação política e econômica atual do Brasil, destacando desafios e possíveis caminhos para superá-los.
