Nesta terça-feira (7), o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou o encerramento do sistema de verificação de fatos no Facebook e Instagram. A decisão, justificada por preocupações com “excesso de censura”, marca uma mudança significativa na abordagem da empresa em relação à moderação de conteúdo.
Zuckerberg afirmou que, em vez de parceiros independentes para checagem de informações, a Meta implementará um modelo de “notas da comunidade”, semelhante ao usado pelo X (antigo Twitter). O novo sistema permitirá que os próprios usuários sinalizem conteúdos enganosos e será inicialmente implantado nos Estados Unidos.
O executivo apontou que a mudança reflete o “cenário político e social em transformação” e busca equilibrar a moderação de conteúdo com a promoção da liberdade de expressão. Contudo, sua declaração incluiu críticas a “tribunais secretos” em países da América Latina, que, segundo ele, ordenam a remoção de conteúdo de forma silenciosa. Apesar de não citar diretamente o Brasil, o comentário parece direcionado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e suas recentes decisões relacionadas a plataformas digitais.
Críticas ao STF e Mudança de Estratégia
Zuckerberg mencionou que os verificadores de fatos têm sido “politicamente tendenciosos”, especialmente nos Estados Unidos, o que, segundo ele, gerou mais desconfiança do que resultados positivos. No Brasil, a Meta havia aderido a um programa liderado pelo STF, em 2024, para combater desinformação. Na ocasião, o ministro Luís Roberto Barroso defendeu que a liberdade de expressão deve ser conciliada com o combate às notícias falsas.
Agora, no entanto, a Meta adota uma postura oposta. Zuckerberg argumentou que sistemas complexos de moderação têm falhado, gerando “muitos erros e muita censura”. Ele ainda sugeriu que algoritmos e decisões judiciais opacas intensificam o problema da desinformação.
— Nós construímos sistemas complexos para moderar o conteúdo, mas esses sistemas erram com frequência. O foco agora será reduzir esses erros e evitar censura desnecessária — declarou.
Relação com o Governo Trump e Reação à Censura Global
A Meta também indicou uma aproximação com o governo de Donald Trump, que assumirá a presidência dos EUA em breve. Zuckerberg afirmou que a empresa colaborará com a administração republicana para resistir a governos que promovem censura, mencionando explicitamente o apoio dos EUA como essencial para enfrentar pressões globais.
— Vamos trabalhar com o presidente Trump para combater governos que pressionam empresas americanas por mais censura e regulamentação — disse Zuckerberg.
Entre as medidas anunciadas, a Meta transferirá suas operações de moderação para o Texas, saindo da Califórnia, como forma de reduzir vieses políticos nas decisões de revisão de conteúdo.
Impacto Global e Reações
A decisão da Meta de abandonar a moderação agressiva pode gerar impacto significativo, especialmente em países com legislações rigorosas, como os membros da União Europeia, que têm adotado medidas mais severas contra a desinformação. Zuckerberg criticou essas legislações, alegando que elas institucionalizam a censura e dificultam a inovação.
— A única maneira de resistir a essa tendência global é com o apoio do governo dos EUA — afirmou, acrescentando que governos como o da China, que bloqueou os aplicativos da Meta, são exemplos do que a empresa pretende enfrentar.
A mudança foi elogiada por Elon Musk, CEO do X, que chamou a decisão de “incrível”. A medida reforça o alinhamento de empresas de tecnologia com uma postura mais liberal em relação à liberdade de expressão, especialmente sob lideranças republicanas nos Estados Unidos.
Enquanto isso, críticos afirmam que o novo sistema pode enfraquecer o combate à desinformação, deixando espaço para que conteúdos enganosos se espalhem com maior facilidade. A polarização em torno da moderação de conteúdo digital continua a ser um tema central no debate global sobre a liberdade de expressão e os limites da regulação no ambiente online.