A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), tradicionalmente ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT), é alvo de uma investigação por suspeita de fraudes em benefícios previdenciários. De acordo com o Ministério Público, entre 2019 e 2024, a entidade teria descontado, de forma irregular, cerca de R$ 2 bilhões diretamente dos pagamentos de aposentados.
Conforme as apurações, a Contag teria repassado ao INSS listas contendo nomes de beneficiários que nunca autorizaram filiação ou cobrança de contribuições sindicais. Apesar disso, a entidade continua ocupando espaços de influência dentro do governo federal e ampliando sua presença no cenário internacional.
Nomeações e participação oficial em conselhos
Mesmo em meio às investigações e a uma operação da Polícia Federal, a Contag segue com acesso a estruturas estratégicas da administração pública. Em maio deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou duas representantes da confederação para o Conselho Nacional de Segurança Alimentar, responsável por articular políticas públicas de combate à fome. Já em agosto, a entidade passou a integrar também o Conselho Nacional de Direitos da Pessoa Idosa.
Presença confirmada na COP30
No plano internacional, a Contag se prepara para participar ativamente da COP30 — conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém (PA), entre os dias 10 e 21 de novembro. A entidade planeja levar mais de mil participantes à Cúpula dos Povos, evento paralelo que reúne organizações e movimentos sociais de diversas partes do mundo.
Além disso, a Contag conseguiu aprovar a realização de um painel estratégico na Zona Azul da conferência — espaço reservado para as negociações diplomáticas e discussões oficiais entre representantes de governos.
Discurso ambiental como estratégia de reposicionamento
Diante das denúncias que envolvem sua atuação na previdência social, a Confederação aposta em um discurso voltado à sustentabilidade e à justiça climática para reforçar sua imagem pública. Segundo a secretária de Meio Ambiente da entidade, Sandra Paula Bonetti, a participação na COP30 será uma oportunidade de representar os interesses de comunidades rurais, povos indígenas e agricultores familiares.
“A COP30 será um marco e precisamos estar presentes com força política e capacidade de influência”, afirmou Bonetti. “Vamos levar a voz do campo, da floresta e das águas em defesa de uma transição justa nos sistemas alimentares — com justiça social, agroecologia e respeito ao meio ambiente.”