Ontem o presidente Lula reiterou seus ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seguindo um roteiro já conhecido. Há mais de um ano, Campos Neto tem sido alvo principal de Lula, que considera a definição da taxa básica de juros um capricho pessoal de alguém servindo aos adversários políticos.
Este alvo é particularmente eficaz, pois poucos acreditam que juros altos beneficiem a economia.
Contudo, para muitos agentes econômicos, o cerne da questão não reside apenas no que Lula disse repetidamente, mas no que ele deixou de mencionar. Ao criticar os ricos como proprietários do orçamento público através de desonerações e benefícios fiscais, o presidente não apresentou um plano para escapar dessa armadilha de longo prazo, que seu governo não conseguiu modificar.
Além disso, não discutiu como pretende flexibilizar o orçamento, cujas medidas tornaram ainda mais rígido e reduziram sua capacidade de investimento.
Enquanto reiterava sua recusa em cortar gastos que afetem os mais pobres, Lula não detalhou uma abordagem equilibrada para resolver os déficits além do aumento de receitas.
Embora o governo tenha esgotado as opções para extrair mais do setor privado através de impostos, Lula não delineou um caminho futuro.
Diante deste roteiro previsível, os preços dos ativos perderam valor, sugerindo que muitos agentes econômicos estão insatisfeitos com a falta de novidades.