Durante o 17º Encontro Nacional do PT, realizado neste domingo (3) em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou sua antiga retórica contra a dependência do dólar nas relações comerciais internacionais. Segundo ele, o Brasil deveria buscar alternativas à moeda norte-americana para ampliar sua “autonomia” em negociações com outros países.
“Não preciso ficar subordinado ao dólar”, declarou Lula, afirmando que a ideia não é nova e citando acordos passados com a Argentina. A proposta, que já encontra resistência entre economistas liberais e defensores do livre mercado, levanta preocupações sobre os impactos práticos de uma substituição do dólar em um cenário global onde a moeda americana ainda domina as trocas internacionais.
Apesar do tom confrontador, o petista tentou equilibrar o discurso ao dizer que não deseja romper relações diplomáticas com os Estados Unidos, que atualmente estão sob liderança de Donald Trump. “Não estou disposto a brigar com ninguém”, disse, acrescentando que o Brasil é um país pacífico, mas que “não tem medo” de se posicionar.
Lula reconheceu que há um “limite” no confronto com o governo norte-americano, mas deixou claro que está disposto a sustentar posições que incomodem aliados tradicionais. “Não posso falar tudo que penso”, afirmou, em tom de ambiguidade política. Ainda assim, finalizou com uma tentativa de moderação: “Queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Não somos uma republiqueta.”
A fala, embora revestida de apelo nacionalista, acende alertas sobre a direção econômica e diplomática do governo. Críticos apontam que, ao desafiar abertamente o papel do dólar e flertar com alianças de países instáveis, o Brasil pode se isolar das principais cadeias globais e dificultar investimentos externos — justamente em um momento de incerteza econômica e fragilidade fiscal.
Para setores conservadores, a insistência em discursos ideológicos e projetos distantes da realidade de mercado mostra mais uma vez que Lula prioriza posicionamentos geopolíticos simbólicos, mesmo que isso custe segurança econômica e previsibilidade para o país.