Apesar de aconselhado por seus assessores a evitar referências diretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua a aludir ao seu principal rival político em seus discursos pelo Brasil.
Em entrevista recente à rádio CBN, Lula admitiu ter recebido orientações para não mencionar seu antecessor diretamente. A estratégia visa reduzir a polarização política, promover um discurso de conciliação nacional e focar em suas próprias conquistas. Pesquisas internas do Palácio do Planalto indicam que críticas diretas a Bolsonaro resultaram em uma queda na popularidade de Lula.
Entretanto, sem mencionar Bolsonaro pelo nome, Lula tem feito declarações que claramente se referem ao ex-presidente. Durante dois eventos no Ceará na quinta-feira (20), ele usou metáforas para criticar a gestão anterior. No primeiro evento, que anunciava investimentos para os institutos federais, o líder petista comparou a administração passada a uma “praga de gafanhotos”.
Posteriormente, durante a entrega de habitações do programa Minha Casa, Minha Vida no mesmo dia, Lula reiterou a metáfora, destacando as oportunidades perdidas a partir de 2019. Ele também mencionou que o atual ministro da Educação, Camilo Santana, foi governador do Ceará por oito anos, mas nunca foi visitado por Bolsonaro durante seu mandato.
Na sexta-feira (21), em entrevista à rádio Meio no Piauí, Lula voltou a criticar a gestão anterior, mas sem mencionar Bolsonaro diretamente. “Estamos vivendo a seguinte situação no Brasil: houve uma eleição muito polarizada, em que meu adversário utilizou R$300 bilhões nos últimos dois anos de seu mandato, entre isenções, desonerações e distribuições de dinheiro para tentar se manter no poder”, disparou.
Mais tarde, no mesmo dia, durante entrevista à rádio Mirante News FM, Lula afirmou que o ex-presidente “não respeitava nenhuma instituição democrática” e apenas promovia “ódio, desavença e confronto”. Ele também mencionou o filósofo Olavo de Carvalho, falecido em 2022: “Olavo de Carvalho propagava a ideia de que a terra era plana, e uma pessoa com esse tipo de pensamento governou o país”.