O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a demonstrar inquietação com o cenário político que se desenha para as eleições de 2026.
Durante discurso no congresso nacional do PSB neste domingo (1º), Lula defendeu com ênfase a necessidade de a esquerda conquistar a maioria no Senado — e justificou a preocupação de forma inusitada: para evitar que “avacalhem com a Suprema Corte”.
“Tem que pensar onde a gente pode eleger e pegar os melhores quadros e eleger senador, deputado, porque nós precisamos ganhar maioria no Senado. Porque, senão, vão avacalhar com a Suprema Corte”, declarou o petista, deixando claro que o verdadeiro receio do governo é a pressão crescente sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), alvo de diversas críticas da oposição e da sociedade.
O Senado é a Casa responsável por analisar pedidos de impeachment contra ministros do STF. Em meio a um desgaste da Corte junto à opinião pública, Lula teme que uma composição mais conservadora ou independente em 2026 possa abrir caminho para responsabilizações ou reequilíbrio institucional.
A declaração gerou reação de críticos do governo, que consideraram a fala um reconhecimento de que o atual arranjo entre Executivo e Judiciário depende mais de alinhamento político do que do respeito à separação entre os Poderes.
“Lula escancarou o medo de que o Senado cumpra seu papel constitucional”, afirmou um parlamentar da oposição. “O que ele chama de ‘avacalhar’ é, na verdade, a possibilidade de fiscalizar abusos e restabelecer os freios e contrapesos democráticos.”
Durante o mesmo discurso, Lula também aproveitou para alfinetar seus adversários e reforçar seu desejo de permanecer no poder:
“Se eu estiver bonitão do jeito que eu estou, apaixonado e motivado, a extrema-direita não volta nunca mais a governar esse país.”
A declaração foi vista por muitos como arrogante e desconectada da realidade enfrentada por milhões de brasileiros que lidam com inflação persistente, insegurança e serviços públicos precários.
Com falas como essa, Lula não só revela seu temor por uma nova composição no Senado, mas também reafirma a disposição de permanecer no poder a qualquer custo — o que levanta ainda mais dúvidas sobre seu compromisso com a alternância democrática e a autonomia entre os Poderes.