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quarta-feira, 6 novembro, 2024
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Lula teme esvaziamento da COP30, após vitória de Trump

Por Alexandre Gomes

Republicano já retirou os EUA do Acordo de Paris e dificilmente assumiria novas metas climáticas em Belém, causando preocupações no Brasil

A vitória ainda pendente de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos gerou um clima de apreensão no governo brasileiro, especialmente no que se refere à realização da COP30, prevista para ocorrer em Belém, no Brasil, em novembro de 2025. O principal receio da equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é que o republicano, caso retorne à Casa Branca, tome medidas que possam enfraquecer as negociações climáticas globais, incluindo uma possível retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, como já fez em sua primeira administração.

Trump tem um histórico de postura cética em relação às questões ambientais, e sua decisão de sair do Acordo de Paris, tomada logo após sua posse em 2017, marcou uma ruptura com a comunidade internacional sobre o compromisso de combate às mudanças climáticas. Embora os Estados Unidos tenham retornado ao acordo sob a presidência de Joe Biden, a vitória de Trump geraria um retrocesso no esforço global para mitigar o aquecimento global e avançar nas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Esvaziamento das ‘metas climáticas’

Para o governo brasileiro, o principal impacto de uma possível vitória de Trump na COP30 seria o esvaziamento das metas climáticas. A conferência de 2025 terá como objetivo definir metas mais ambiciosas para a redução das emissões de gases de efeito estufa até 2035, um passo importante no cumprimento da meta global de “net zero” (emissões líquidas zero) até 2050. Trump, com seu histórico de ceticismo em relação às mudanças climáticas, dificilmente se comprometeria com essas metas, o que poderia resultar em uma conferência mais enfraquecida e com um grau de ambição reduzido.

O Brasil teme que os Estados Unidos, sob Trump, não apenas se retirem do Acordo de Paris, mas também boicotem o avanço de compromissos internacionais mais imediatos, como os objetivos intermediários para 2030 e 2035. Sem a participação ativa dos Estados Unidos, o governo brasileiro acredita que será difícil alcançar um consenso global robusto para enfrentar as mudanças climáticas de forma eficaz.

Financiamento climático

Outro aspecto crucial para o sucesso da COP30 seria o financiamento para ações de mitigação e adaptação ao aquecimento global, especialmente para países em desenvolvimento e emergentes, como o Brasil. Desde a assinatura do Acordo de Paris, foi prometido um financiamento anual de US$ 100 bilhões para apoiar as ações climáticas nos países mais pobres. Contudo, sob a administração de Trump, o governo dos Estados Unidos demonstrou resistência em liberar recursos financeiros para iniciativas ambientais globais, algo que, na visão dos auxiliares de Lula, seria ainda mais difícil caso Trump retorne à presidência.

A falta de um compromisso financeiro robusto por parte dos Estados Unidos impactaria diretamente as discussões na COP30, dificultando o avanço em soluções que envolvem investimentos significativos para reduzir os impactos das mudanças climáticas, como a transição para energias renováveis, o fortalecimento da resiliência de comunidades vulneráveis e a preservação de ecossistemas essenciais.

O governo Lula também reconhece que, em uma gestão Trump, a liderança global dos Estados Unidos em questões climáticas, simbolizada pela figura de John Kerry, enviado especial para o clima durante o governo Biden, seria difícil de substituir. Kerry, com sua vasta experiência política, exerceu um papel fundamental nas negociações internacionais sobre o clima, ajudando a restaurar a credibilidade dos Estados Unidos no cenário ambiental global.

Sob Trump, o Brasil teme que essa liderança seja substituída por um representante de menor peso político, o que reduziria ainda mais a capacidade de pressionar outros países, especialmente aqueles que relutam em adotar medidas climáticas mais rígidas. Sem uma liderança forte dos EUA, a COP30 poderia se transformar em uma conferência de menor impacto, dificultando o progresso nas negociações e na definição de ações concretas para o futuro do planeta.

Desafios para o Brasil na COP30

Com o governo brasileiro no centro da organização da COP30 em Belém, as autoridades temem que o evento se torne uma oportunidade perdida para o Brasil reafirmar sua liderança nas questões ambientais globais. A presidência da COP30, que está sendo liderada por Lula, tem como objetivo reforçar o compromisso internacional com a proteção do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas, mas esse esforço seria drasticamente enfraquecido pela postura isolacionista de Trump.

O Brasil, como uma das maiores economias emergentes e um dos países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, depende do apoio internacional, especialmente dos Estados Unidos, para promover políticas de mitigação e adaptação eficazes. O retrocesso que Trump representaria, caso vença as eleições, é visto como um obstáculo significativo para o alcance de metas climáticas ambiciosas, colocando em risco o futuro do planeta e, mais especificamente, a preservação do meio ambiente no Brasil e em outros países em desenvolvimento.

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