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sexta-feira, 17 janeiro, 2025
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Lula se irrita com “sucessão de erros” na condução da norma do Pix

Por Alexandre Gomes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou descontentamento com a gestão da crise envolvendo a norma da Receita Federal que previa maior fiscalização sobre transações via Pix. A decisão de revogar a medida, anunciada nesta quarta-feira (15), veio após uma forte repercussão negativa nas redes sociais e foi vista como uma derrota política do governo diante da oposição.

Erro estratégico e falta de comunicação

De acordo com aliados ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, a equipe econômica teria tratado a questão de forma excessivamente burocrática, sem planejar uma estratégia de comunicação que antecipasse o impacto da norma. Tanto Lula quanto a Casa Civil afirmaram que não tinham conhecimento prévio da medida, que ganhou notoriedade após críticas públicas e vídeos virais, como o do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que acumulou mais de 200 milhões de visualizações.

O vídeo de Nikolas destacou os impactos potenciais da medida para trabalhadores autônomos e microempreendedores individuais (MEIs), mesmo reforçando que a norma não implicava uma taxação direta do Pix. Parlamentares governistas, como Guilherme Boulos (PSOL-SP), reagiram acusando o deputado de espalhar desinformação.

Decisão política e recuo estratégico

Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha inicialmente defendido a norma, Lula optou pela revogação para conter o desgaste político e evitar um possível decreto legislativo que invalidasse a medida. Aliados alertaram o presidente sobre os riscos de fuga de dinheiro do sistema financeiro e o aumento da desconfiança popular.

Segundo relatos, o ministro-chefe da Secom, Sidônio Palmeira, foi um dos principais defensores do recuo, com apoio de Rui Costa (Casa Civil). Já Haddad, embora relutante, acabou aceitando a decisão após reuniões no Palácio do Planalto.

Divisão e aprendizado

A revogação da norma gerou críticas até mesmo na base governista, com parlamentares que haviam defendido publicamente a medida se queixando da falta de alinhamento. Sob anonimato, um ministro afirmou que o episódio destaca a necessidade de o governo monitorar e responder a “narrativas negativas” antes de implementar medidas sensíveis.

A polêmica também expôs divergências internas, com Haddad e Palmeira em lados opostos da decisão. Apesar das tensões, a revogação foi oficializada em coletiva de imprensa liderada por Haddad, Jorge Messias (AGU) e Robson Barreirinhas (Receita Federal), que defenderam a norma até o último momento.

Lição para futuras medidas

O caso do Pix evidencia a importância de planejamento estratégico e comunicação eficaz em políticas públicas de impacto. Para o governo, fica a lição de que falhas nesse campo podem transformar ações técnicas em grandes derrotas políticas.

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