A demissão de Nísia Trindade do Ministério da Saúde nesta terça-feira (25) marca uma reviravolta na postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, em diversas ocasiões, garantiu que a ex-ministra permaneceria no cargo. Nos últimos meses, Nísia enfrentou pressões do Congresso e de integrantes do governo, mas Lula chegou a blindá-la, classificando-a como “intocável” diante das tentativas de substituição.
Em julho de 2023, durante a cerimônia de sanção do novo Mais Médicos, Lula disse ter “muito orgulho” de sua escolha e declarou que a ministra só sairia se não cumprisse sua função corretamente. Em outra ocasião, ao saber de rumores sobre sua demissão, o presidente ligou para Nísia e garantiu: “vá dormir e acorde tranquila porque o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser”.
Mesmo diante da crise nos hospitais federais do Rio de Janeiro, Lula continuou defendendo sua ministra, pedindo que ela focasse na gestão e deixasse a política sob seu cuidado. No último mês, ao visitar a capital fluminense, ele reiterou sua posição ao afirmar que hospitais não deveriam servir como instrumentos políticos.
A queda na popularidade do governo, que atingiu seu pior índice nos três mandatos de Lula, pode ter pesado na decisão de reformular a Saúde. Antes da saída de Nísia, o presidente tentou fortalecer a comunicação da pasta, chamando um marqueteiro para impulsionar as entregas do ministério. No entanto, as pressões políticas e a necessidade de reorganizar a base aliada acabaram levando à troca na pasta.