Diante do avanço do discurso de direita nas redes sociais, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma ofensiva digital para recuperar espaço e fortalecer a comunicação institucional. Segundo informações divulgadas pela Globo News, o Palácio do Planalto diagnosticou fragilidades na atuação digital da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e busca contratar empresas especializadas para enfrentar o desafio.
Assessores presidenciais apontam que o crescimento das narrativas de direita, especialmente no contexto da vitória de Donald Trump nas eleições americanas, evidenciou a incapacidade da Secom de competir nesse ambiente. Faltam recursos, estrutura e pessoal capacitado para conduzir uma estratégia robusta de comunicação digital.
Uma licitação, inicialmente planejada para este ano com custo estimado de R$ 197 milhões anuais, foi suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por suspeitas de irregularidades. O atraso no processo gerou insatisfação no governo, e o presidente Lula cobrou agilidade na resolução do problema.
As dificuldades na comunicação aumentaram as chances de substituição do atual ministro da Secom, Paulo Pimenta. Entre os cotados para assumir o cargo está o publicitário Sidônio Palmeira, responsável por estratégias de aproximação de Lula com evangélicos durante a campanha de 2022. Sidônio teria imposto condições para aceitar o posto, incluindo autonomia total na gestão da Secom e a possibilidade de trazer sua própria equipe.
O Planalto avalia que a chegada de Sidônio poderia marcar uma reorganização na comunicação do governo, mas sua nomeação ainda depende de ajustes nos bastidores.
Fragmentação e Problemas de Coordenação
Dentro da Secom, há consenso de que os problemas de comunicação refletem a falta de coordenação política e estratégia unificada no núcleo do governo. A fragmentação também é apontada como um obstáculo, com figuras como Ricardo Stuckert, José Chrispiniano e Brunna Rosa tendo acessos diretos ao presidente ou à primeira-dama, Janja da Silva, mas sem alinhamento entre si.
Sidônio Palmeira compartilha a visão de que comunicação, política e gestão devem atuar de forma integrada. Assessores próximos ao presidente defendem maior envolvimento de Lula no universo digital, bem como uma postura mais ativa em entrevistas e pronunciamentos em cadeia nacional.
Além da reformulação interna na Secom, o governo pretende finalizar a nova licitação para empresas de comunicação digital nos próximos meses. A prioridade é estruturar uma estratégia que permita ao governo competir de forma eficaz nas redes sociais e conter o avanço das narrativas da oposição.
A “ofensiva digital” é considerada essencial para consolidar a narrativa do governo e combater o desgaste causado por críticas e desafios enfrentados nos primeiros anos de mandato. A expectativa é que mudanças na comunicação sejam acompanhadas por uma reavaliação na coordenação política, buscando maior coesão entre as diferentes áreas do governo.