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sexta-feira, 6 junho, 2025
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Lula perde o controle sobre “pacote da reeleição” e vê projetos desfigurados ou travados no Congresso

Por Alexandre Gomes

A menos de um ano e meio das eleições de 2026, o governo Lula (PT) enfrenta um verdadeiro campo minado no Congresso Nacional. Projetos tidos como carros-chefes para a campanha de reeleição estão paralisados, sendo esvaziados ou profundamente modificados por uma base parlamentar que, apesar das benesses ministeriais distribuídas por Lula, segue rebelde, oportunista e ideologicamente avessa ao petismo.

A tão alardeada “coalizão ampla” que Lula montou com partidos como MDB, PSD, União Brasil, PP e Republicanos mostrou-se um castelo de areia. Esses partidos, embora integrando o governo, têm sabotado abertamente o Palácio do Planalto, impondo derrotas humilhantes e esvaziando o discurso de governabilidade do presidente petista.

Um governo sem liderança e um Congresso sem paciência

Propostas como o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, a PEC da Segurança Pública, a regulação das redes sociais e a regulamentação de trabalhadores de aplicativo — todas peças estratégicas da tentativa de Lula de reverter sua alta rejeição — enfrentam uma resistência generalizada, tanto da direita quanto de setores do próprio centro político.

Até mesmo medidas unilaterais, como o aumento do IOF, geraram reações furiosas de líderes do Congresso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), chegou a acusar o governo de “usurpar as funções do Legislativo”. Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, classificou a medida como uma “gambiarra fiscal”.

A mensagem é clara: Lula já não governa nem o próprio governo. Com uma articulação política frágil e um ministro da Fazenda que coleciona promessas não cumpridas, o Planalto se vê refém de aliados instáveis, que têm mais interesse em se posicionar para 2026 do que em apoiar um governo impopular.

“Pacote da reeleição” ameaça explodir no colo de Lula

O plano de Lula de lançar um conjunto de medidas populistas para tentar recuperar popularidade está naufragando antes mesmo de chegar ao eleitorado. A ideia de transformar promessas em políticas públicas concretas se depara com um Congresso que não confia, não respeita e não teme o governo petista.

Veja os principais pontos do colapso político do governo:

1. Isenção do IR até R$ 5 mil

  • Objetivo: promessa de campanha para classe média e baixa.
  • Problema: o relator, Arthur Lira (PP-AL), já sinalizou alterações profundas. Estados e municípios temem perda de arrecadação.
  • Situação real: o projeto será completamente alterado, com o PP tentando proteger os mais ricos ao propor que a taxação de dividendos só atinja rendas acima de R$ 150 mil mensais.

2. Aumento do IOF

  • Objetivo: tapar rombo fiscal.
  • Problema: medida unilateral revoltou Congresso. Há ameaça real de revogação via decreto legislativo.
  • Situação real: governo tem 10 dias para apresentar alternativa. Se cair, perda será de R$ 19 bilhões.

3. Isenção na conta de luz

  • Objetivo: beneficiar 16 milhões de brasileiros pobres.
  • Problema: medida provisória foi lançada sem diálogo com o Congresso, gerando revolta. Custo pode recair sobre outros consumidores.
  • Situação real: fragilidade política pode fazer a MP caducar ou ser desfigurada.

4. Programa “Agora Tem Especialistas”

  • Objetivo: desafogar o SUS e criar marca de governo.
  • Problema: projeto depende do setor privado e será submetido ao Congresso, onde há desconfiança geral.
  • Situação real: reciclado de um programa antigo, deve enfrentar apatia e atrasos.

5. PEC da Segurança Pública

  • Objetivo: dar protagonismo ao governo em tema dominado pela direita.
  • Problema: oposição tomou conta do debate, desqualificando o texto do Ministério da Justiça.
  • Situação real: pode ser enterrada ou completamente reescrita.

6. Regulação das redes sociais

  • Objetivo: calar vozes conservadoras e fortalecer censura via controle de conteúdo.
  • Problema: resistência maciça no Congresso, que já barrou tentativas anteriores.
  • Situação real: o projeto pode sequer ser enviado, sob risco de nova derrota política.

7. Trabalhadores de aplicativo

  • Objetivo: regulamentar categoria alinhada ao bolsonarismo.
  • Problema: o próprio setor rejeitou o texto do governo.
  • Situação real: proposta do Executivo será ignorada e substituída por um novo projeto elaborado pela Câmara.

8. Gás para Todos

  • Objetivo: ampliar o vale-gás para 22 milhões de famílias.
  • Problema: governo ainda não sabe como financiar o projeto.
  • Situação real: pode ser reeditado como MP, mas com risco de travamento.

Governo Lula: encurralado, impopular e desgovernado

Mesmo com uma máquina pública gigante, um orçamento bilionário e um histórico de alianças fisiológicas, Lula fracassa em liderar o país ou sequer sua base no Congresso. O que se vê é um presidente cada vez mais isolado, dependente de medidas improvisadas e acuado por aliados que só pensam em 2026 — e não nele.

O desgaste é tanto que nem mesmo suas promessas de campanha conseguem sair do papel, e quando saem, são desfiguradas ou ignoradas. Lula já não é mais o “grande articulador político” que a esquerda exaltava. É um presidente encurralado, preso em seu próprio labirinto de alianças frágeis, promessas populistas e arrogância desconectada da realidade política nacional.

Se o “pacote da reeleição” for esse amontoado de medidas instáveis e impopulares, Lula terá sorte se conseguir terminar o mandato — quanto mais vencê-lo novamente.

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