Nos últimos dias, o governo Lula tem demonstrado hesitação sobre medidas para conter o aumento de gastos, gerando reações negativas no mercado, como a alta do dólar e dos juros. Há duas semanas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometia um pacote para reequilibrar as contas públicas após as eleições municipais, com potenciais economias de até R$ 50 bilhões. No entanto, Haddad agora indica que ainda não há prazo para a apresentação dessas medidas e evita divulgar qualquer projeção de economia, alimentando incertezas e pressões sobre a moeda e as taxas de juros.
Segundo o Estadão, a falta de clareza do governo sobre seu compromisso com o controle fiscal reflete-se na reação do mercado: o dólar subiu para R$ 5,76, maior valor desde 2021, em contraste com R$ 4,85 ao final de 2023.
Mensagens contraditórias e receios do mercado
O Estadão criticou a postura ambígua do governo, ressaltando que a recente derrota do PT nas eleições municipais pode impulsionar ainda mais os gastos públicos em um contexto de tentativa de recuperar o apoio popular para as próximas eleições presidenciais de 2026. Isso, segundo o jornal, complica ainda mais os planos da equipe econômica.
Além disso, o jornal aponta que a expectativa do mercado para a inflação já ultrapassou o teto da meta, enquanto a dívida pública caminha para superar 90% do PIB até 2032, o que ameaça o arcabouço fiscal e aumenta as preocupações quanto à sustentabilidade da política econômica.
Resistência de Lula a cortes estruturais
O editorial destaca ainda que o governo aparenta “nenhuma pressa” em executar cortes profundos e menciona que Lula parece resistente à ideia de reduzir gastos de maneira estrutural. Para o Estadão, os bloqueios temporários e revisões pontuais do governo em benefícios sociais, previdenciários e assistenciais são insuficientes e não mais convencem o mercado.
A falta de compromisso claro e as mensagens contraditórias do governo têm elevado o custo para o país em forma de um câmbio e juros altos, dificultando a estabilidade econômica e aumentando os desafios para equilibrar as contas públicas.