Seis dias após o anúncio do Prêmio Nobel da Paz de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue sem parabenizar a vencedora María Corina Machado, líder da oposição venezuelana reconhecida mundialmente por sua luta pela democracia e pela resistência pacífica contra o regime ditatorial de Nicolás Maduro.
A omissão do governo brasileiro tem repercutido negativamente no exterior e é vista por diplomatas como mais um episódio de alinhamento ideológico de Lula a regimes autoritários. Enquanto líderes de democracias ao redor do mundo celebraram a premiação, o Palácio do Planalto optou pelo silêncio constrangedor, o que reforça o isolamento do Brasil em temas de direitos humanos e liberdade política.
Lula e o apoio a ditaduras
A postura de Lula é coerente com sua política externa, marcada por tolerância com ditaduras e regimes de exceção. O petista tem evitado críticas diretas a governos como o de Vladimir Putin (Rússia), Miguel Díaz-Canel (Cuba), Ebrahim Raisi (Irã) e Kim Jong-un (Coreia do Norte) — todos acusados de graves violações de direitos humanos.
Essa mesma omissão ocorreu em 2023, quando o governo brasileiro não felicitou Narges Mohammadi, ativista iraniana e vencedora do Nobel da Paz daquele ano, presa por denunciar abusos do regime dos aiatolás.
“O Brasil, que já foi referência internacional em direitos humanos, hoje se cala diante de ditaduras e injustiças”, lamentam analistas políticos.
O silêncio que envergonha
Enquanto líderes de diversos países reforçam apoio à María Corina Machado, o silêncio de Lula é interpretado como cumplicidade política com Maduro. O venezuelano é acusado de manter o poder por meio de corrupção, fraude eleitoral e repressão violenta contra opositores.
A situação é ainda mais delicada porque María Corina vive escondida, sob constante ameaça de prisão, perseguição e violência por parte do regime.
“Lula parece mais preocupado em agradar ditadores do que em se posicionar ao lado da liberdade”, resumiu um diplomata ouvido por veículos internacionais.
Repercussão internacional
O silêncio do Brasil contrasta com as manifestações de governos como os dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Canadá, Espanha e Chile, que emitiram notas oficiais exaltando o simbolismo do prêmio e o papel de Machado na defesa da democracia na América Latina.
Enquanto o mundo aplaude uma mulher que enfrenta um regime autoritário, o governo Lula se cala — e o país se envergonha, sendo visto como um defensor seletivo dos direitos humanos, conforme sua conveniência ideológica.