Segundo o jornalista Cláudio Humberto, a permanência do ministro da Previdência, Carlos Lupi, no governo está no centro de uma crise política envolvendo o Palácio do Planalto e o PDT. Acusado de omissão em um esquema que desviou cerca de R$ 6,3 bilhões de benefícios do INSS, Lupi se tornou um problema para o governo, mas sua demissão está sendo adiada por uma razão política: a ameaça do PDT de retirar apoio ao governo Lula no Congresso.
No entorno do presidente, muitos acreditam que Lupi não é totalmente inocente e que já deveria ter pedido demissão por iniciativa própria. Apesar disso, Lula resiste à ideia de demiti-lo. O motivo: os 17 votos do PDT na Câmara e mais três no Senado são considerados cruciais para a base aliada. Lula tem usado como exemplo o caso do União Brasil, que, mesmo com três ministérios, entrega apenas 19 votos ao governo — número semelhante ao que o PDT oferece sem exigir tanto espaço.
No Planalto, é consenso que a ameaça de rompimento vem do próprio Lupi, conhecido por ter controle total sobre o partido. Ninguém próximo ao presidente defende abertamente sua permanência, mas Lula quer evitar mais um desgaste público. A prioridade agora seria encontrar uma “saída honrosa” para o ministro.
Internamente, Lula tem repetido que “não tem vocação de pobre orgulhoso” e que não pode se dar ao luxo de perder apoio no Congresso. Enquanto isso, Lupi continua como ministro, mas em situação cada vez mais insustentável.