A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de enviar a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira à posse do ditador venezuelano Nicolás Maduro gerou forte repercussão.
O gesto foi interpretado por críticos como um reconhecimento tácito da reeleição de Maduro, marcada por denúncias de fraudes, repressão e arbitrariedades.
A escolha de Lula foi alvo de ataques de parlamentares e especialistas. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) não poupou críticas:
“Ao prestigiar um déspota, o governo Lula valida a tirania e mostra que, na essência, despreza os princípios democráticos.”
Para a deputada Julia Zanatta (PL-SC), o envio de um representante reforça o alinhamento ideológico do Brasil com regimes autoritários:
“O governo brasileiro não apenas valida a tirania, mas também derrota os princípios democráticos que diz defender.”
Anne Dias, diretora da ONG Ladies of Liberty Alliance, chamou o gesto de um “insulto à democracia”.
O regime de Maduro tem sido amplamente condenado por fraudes eleitorais e repressão. Dados da ONG Foro Penal apontam 1.794 presos políticos na Venezuela. Segundo o cientista político Elton Gomes, a presença de um representante brasileiro na posse equivale a uma “legitimação prática” da reeleição de Maduro.
O governo brasileiro, no entanto, justificou o envio da embaixadora como uma manutenção mínima das relações diplomáticas. Fontes do Itamaraty argumentaram que a decisão reflete o interesse em preservar o diálogo, mesmo diante da crise política venezuelana.
Curiosamente, Lula não comparecerá à posse de Donald Trump nos EUA, mas o Brasil ainda não definiu quem representará o país na cerimônia. A disparidade no tratamento entre os dois eventos levantou questionamentos sobre as prioridades da política externa brasileira.
Rubens Barbosa, ex-embaixador, observou que a escolha de uma representante de escalão inferior sinaliza o distanciamento entre Lula e Maduro:
“Não enviar uma autoridade de alto nível reflete as tensões vividas nos últimos meses.”
A decisão de Lula expõe o Brasil a críticas por supostamente apoiar regimes autoritários, colocando em xeque sua credibilidade como líder regional. Políticos e analistas alertam que a postura do governo brasileiro pode comprometer seu papel como mediador em conflitos regionais e afastar o país das democracias ocidentais.
No entanto, o gesto também revela o pragmatismo da política externa de Lula, que busca equilibrar interesses diplomáticos e pressões internas. Resta saber se essa abordagem trará ganhos ou prejuízos no longo prazo.