O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atravessa uma crise de popularidade que nem mesmo seus tradicionais redutos eleitorais conseguem disfarçar.
A pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025, escancara um cenário de rejeição em alta vertiginosa: a desaprovação ao presidente cresceu mais de 15 pontos percentuais em Pernambuco e Bahia, estados historicamente fiéis ao PT, e ultrapassou a marca dos 60% em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Os números são um tapa na cara da narrativa de um governo supostamente conectado às demandas populares.
Na Bahia, berço de tantas vitórias petistas, a reprovação a Lula saltou de 33% em dezembro passado para impressionantes 51% agora — um aumento de 18 pontos em apenas dois meses. A aprovação, que já foi um orgulhoso 66%, despencou para 47%.
Em Pernambuco, outro bastião lulista, o quadro é igualmente desastroso: a desaprovação subiu de 33% para 50%, enquanto a aprovação caiu de 65% para 49%. Esses dados mostram que até os eleitores que outrora carregaram Lula nos ombros estão virando as costas para o governo.
Mas o tombo não para por aí. Nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste pesquisados, a rejeição ao presidente é ainda mais avassaladora. Goiás lidera o ranking da insatisfação com 70% de reprovação, seguido de perto por São Paulo (69%), Paraná (68%), Rio Grande do Sul (66%), Rio de Janeiro (64%) e Minas Gerais (63%).
A aprovação, por outro lado, é pífia: o melhor índice aparece no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, com apenas 35%, enquanto em São Paulo, coração econômico do país, apenas 29% ainda conseguem defender o governo. Em Goiás, o apoio é de míseros 28%.
Um governo que perde o povo
O que explica essa derrocada? Para muitos, a resposta está na desconexão de Lula com a realidade do brasileiro. Após voltar ao poder prometendo resgatar os “anos dourados” de seu primeiro mandato, o presidente parece ter entregado mais discursos vazios do que resultados concretos.
A economia patina, a inflação corrói o bolso da população, e as políticas públicas tão alardeadas não saem do papel — ou, quando saem, beneficiam mais os aliados do que o cidadão comum. Some-se a isso os escândalos e as polêmicas que o PT insiste em ignorar, e o resultado é um governo que afunda na própria ineficiência.
A pesquisa, realizada entre 19 e 23 de fevereiro, ouviu 1.644 pessoas em São Paulo e mais de mil em cada um dos outros sete estados analisados, que juntos representam 62% do eleitorado nacional. Com margens de erro entre 2 e 3 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%, os números são um retrato fiel do desencanto que toma conta do país.
O fim de Lula?
Lula, que já foi vendido como o “salvador da pátria”, agora enfrenta uma rejeição que não poupa nem suas bases históricas.
A Bahia e Pernambuco, onde o PT construiu sua hegemonia com promessas de inclusão social, mostram que até o eleitorado mais fiel tem limites para a paciência.
Enquanto isso, em estados como São Paulo e Goiás, a reprovação beirando os 70% reflete o fiasco de um governo que parece incapaz de dialogar com quem não comunga de sua cartilha ideológica.
O recado das urnas virtuais da Quaest é claro: Lula está perdendo o Brasil.
Resta saber se o presidente e seu partido vão culpar a “herança maldita” de sempre ou se, enfim, assumirão a responsabilidade por um mandato que, até agora, só acumula decepções.