No Brasil, uma notável revolução religiosa está em curso, liderada pelas igrejas evangélicas, destacando-se por sua intensidade sem precedentes. Ao contrário da Europa, onde a transição de uma maioria católica para protestante levou séculos e envolveu conflitos sangrentos, o Brasil experimentou, em apenas seis décadas, um aumento significativo no número de fiéis evangélicos, passando de 3,6% para 22,2% da população em 2010. Atualmente, estima-se que essa parcela alcance quase um terço da população, representando um desafio considerável para o governo brasileiro.
Essa transformação religiosa não ocorre sem impactos políticos, especialmente para o presidente Lula e seu governo. Embora busque uma aproximação com as lideranças evangélicas, o presidente enfrenta resistência da influente bancada evangélica, que se alinhou fortemente com o bolsonarismo. Questões como benefícios tributários para pastores e divergências em temas morais e religiosos têm contribuído para uma relação tumultuada entre o Palácio do Planalto e a bancada evangélica, evidenciando os desafios de conciliar essa força política em meio a complexidades ideológicas e religiosas.
Em um cenário marcado por uma polarização persistente, a pesquisa revela que a desaprovação ao governo Lula entre os evangélicos é ainda mais acentuada do que na população em geral. A influência dessa comunidade religiosa nas redes virtuais, alimentada por informações distorcidas e fake news, destaca-se como um desafio adicional para o governo em sua tentativa de conquistar o apoio desse segmento expressivo da sociedade brasileira.