O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao olhar para seu próprio umbigo, parece acreditar que está vendo o mundo. Seu discurso na Assembleia Geral da ONU em Nova York foi um exemplo claro da perda de influência e da desconexão com a realidade geopolítica atual. As oportunidades que o Brasil poderia aproveitar para se posicionar como mediador entre o Ocidente e o Oriente foram desperdiçadas pelo narcisismo e pelo cinismo do líder petista.
Em editorial publicado nesta sexta-feira, 27, o jornal O Estado de S. Paulo criticou a postura de Lula na ONU, descrevendo sua passagem como um retrato lamentável de sua decadência. A crítica é direta: enquanto o presidente brasileiro tenta reduzir questões globais complexas a uma conspiração simplista de “ricos contra pobres”, sua abordagem pragmática parece se basear na crença de que os conflitos mundiais podem ser resolvidos em conversas superficiais.
Brasil: Potencial desperdiçado
O Brasil tem, sem dúvida, uma posição geopolítica privilegiada. É uma potência pacífica na América Latina, um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, além de ser guardião de recursos naturais vitais, como minerais e biomas críticos. Essas características poderiam ser alavancadas para posicionar o país como um protagonista nas negociações globais. No entanto, o governo Lula parece incapaz de transformar esse potencial em ações concretas.
Com eventos importantes como o G20 em 2024 e a COP-30 em 2025, o Brasil tinha uma chance única de erguer pontes e liderar negociações cruciais para o futuro do planeta. No entanto, segundo o Estadão, para que isso ocorresse, Lula precisaria equilibrar credenciais democráticas, habilidade de articulação e, acima de tudo, humildade — qualidades que, infelizmente, não foram demonstradas.
Megalomania e alinhamento preocupante
O editorial do Estadão vai além, acusando Lula de ser movido por uma megalomania que, sob influência de Celso Amorim, seu assessor de política externa, levou a diplomacia brasileira a um choque com a realidade. Em vez de posicionar o Brasil como uma potência moderadora, Lula oscilou entre fantasias irrealistas e um cinismo cru, especialmente ao tentar mediar conflitos globais nos quais o Brasil não tem capacidade de influência real, como na geopolítica europeia e no Oriente Médio.
Um dos momentos mais embaraçosos foi o tratamento desdenhoso que Lula recebeu de jovens líderes internacionais, como o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o chileno Gabriel Boric. Zelensky rejeitou prontamente a proposta sino-brasileira de paz para a Ucrânia, classificando-a como uma tentativa de capitulação, insinuando que o verdadeiro interesse de Lula seria um prêmio Nobel da Paz. Já Boric desmoralizou Lula pela sua postura branda em relação à Venezuela e outras ditaduras, expondo a incoerência de sua política externa.
Isolamento internacional
Ao mesmo tempo em que Lula se distancia das grandes democracias ocidentais, sua proximidade com regimes autoritários, como os da China e da Rússia, gera desconfiança. Para esses países, Lula parece ser visto apenas como um “idiota útil”, uma figura conveniente para seus interesses geopolíticos. Já para o Ocidente, ele é visto, no melhor dos cenários, como um líder irrelevante e, no pior, como um cínico ressentido, incapaz de articular políticas ou construir pontes diplomáticas sérias.
Um final melancólico
A imagem que talvez resuma a decadência de Lula em sua passagem por Nova York foi o momento em que, durante uma cúpula ironicamente chamada “do Futuro”, seu microfone foi cortado por excesso de tempo. Lula, isolado e envelhecido, ficou gesticulando sem que ninguém prestasse atenção, falando sozinho — uma metáfora perfeita de sua desconexão com o cenário global.
Em suma, o presidente que um dia foi visto como um líder carismático e progressista agora enfrenta um cenário de isolamento internacional, fruto de seu narcisismo, de suas alianças questionáveis e de sua incapacidade de adaptar-se às complexas demandas da geopolítica contemporânea. Um líder que poderia ter projetado o Brasil como um mediador influente entre o Ocidente e o Oriente, agora se encontra à margem, desprovido de credibilidade e relevância global.