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segunda-feira, 7 outubro, 2024
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Lula declara guerra: Campos Neto é o novo inimigo público número um.

Por Marina B.

A única coisa que funcionou na economia brasileira desde que Lula assumiu a presidência foi o controle da inflação realizado pelo Banco Central. O único cargo no setor econômico do governo que não foi ocupado por uma nomeação de Lula foi o de presidente do Banco Central. Por seu habitual rancor a tudo que dá certo e não tem sua assinatura, e por sua longa história de buscar sempre um culpado para seus fracassos, Lula declarou guerra ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, desde os primeiros dias no governo. Campos Neto utiliza a taxa de juros, como fazem os bancos centrais ao redor do mundo, para evitar que a inflação dispare, seja por questões econômicas ou para compensar a irresponsabilidade e incompetência do governo na economia, como é o caso do Brasil hoje. Por isso, Lula vem há um ano e meio conduzindo uma operação de linchamento contra Campos Neto.

O presidente do BC é acusado por Lula de ser o responsável direto por praticamente todos os fracassos da gestão econômica de seu governo – uma desordem que colocou o Brasil em uma situação pior do que há 18 meses. Campos Neto, ou “esse cidadão”, como Lula o chama, é o culpado, segundo ele e os esquadrões de extermínio do PT, pelo baixo crescimento econômico. É acusado de provocar a “fome”, causar “miséria” e “odiar” os pobres. Segundo os linchadores, é culpa dele que faltam recursos para saúde, educação e socorro às enchentes no Rio Grande do Sul. As altas taxas de juros fazem parte de um plano, não definido nem explicado com coerência, para prejudicar os interesses nacionais. No último comício de Lula sobre o tema, Campos Neto foi acusado de ter um “lado político”, de não agir com “autonomia” e de ser o oposto do que realmente é. Segundo o presidente, “a única coisa desajustada” no Brasil de hoje é o BC – ou seja, bastaria tirar Campos Neto para a economia brasileira decolar.

Isso é 100% falso, como em tantas outras vezes em que Lula assume o papel de estadista sério. Quem nunca admitiu a autonomia do BC é Lula, que acha um absurdo ter na presidência da instituição alguém que não obedeça às suas ordens. Tudo que está dando errado na economia se deve exclusivamente à bagunça que ele e seu governo criaram, à inépcia de suas decisões, e não a Campos Neto. Se “os empresários” não investem, como o presidente se queixa, não é por causa do BC – na verdade, o BC é sua única esperança de racionalidade. As empresas não têm medo de Roberto Campos Neto; têm medo é de Lula. Suas agressões verbais ao BC, além de mal-educadas, mesquinhas e desordeiras, é que criam problemas e instabilidade – não a política de juros. Os juros estão altos, na realidade, não porque o BC quer sabotar o governo da “esquerda”, mas porque o governo da “esquerda” administra mal a economia, mantendo o Brasil sob ameaça constante de inflação, caos nas contas públicas e colapso no valor da moeda. Se tivesse um mínimo de competência, os juros estariam mais baixos.

A falsificação do debate é óbvia quando se considera que, durante todo o primeiro mandato de Lula, a taxa de juros esteve nos dois dígitos. Em nenhum momento do seu governo esteve abaixo dos 13,7% de hoje – tendo chegado a passar de 25%, criando um juro real, descontada a inflação, de 10% ao ano. O que Roberto Campos Neto está fazendo que ele mesmo não fez, e muito pior? Há também a agressão política grosseira, rancorosa ou simplesmente estúpida. O presidente do BC é acusado, nessa confusão, de ter ido votar nas eleições de 2022 usando uma camiseta com as cores do Brasil – ou de ter jantado com uma autoridade pública em pleno exercício do mandato, o governador Tarcísio de Freitas.

A presidente do PT entrou com uma ação contra ele na justiça – não será acusada de litigância de má-fé, como aconteceu com quem contestou a contagem de votos na eleição de 2022, mas deixa claro o vale-tudo adotado contra Campos Neto. O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, por sua vez, juntou-se ao pelotão de fuzilamento, dizendo que a “política neoliberal” destrói a democracia e “joga água no moinho nazifascista”. O sujeito oculto da frase é Roberto Campos Neto. O que isso tem a ver com geografia ou estatística? Nada, assim como a ação judicial do PT não tem nada a ver com justiça. É apenas o modo de operar de um governo que não abre mão de fazer a coisa errada.

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