Presidente critica ação policial no Rio e cobra investigação paralela sobre mortes durante a Operação Contenção
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como uma “matança” a megaoperação policial realizada contra o Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro. A declaração foi dada nesta terça-feira (4), em entrevista a correspondentes estrangeiros, durante sua passagem por Belém (PA), e provocou forte repercussão política.
A ação, ocorrida na terça-feira (28), mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, com o objetivo de conter o avanço da facção nas comunidades do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha.
Em conversa com as agências Associated Press e Reuters, Lula afirmou que pretende exigir uma investigação paralela para apurar o que chamou de “excesso na atuação policial”.
“Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não uma ordem de matança — e houve matança”, afirmou o presidente.
Críticas à condução da operação
Lula declarou ainda que deseja compreender melhor as circunstâncias da operação, sugerindo divergências entre os relatos oficiais e os acontecimentos no terreno.
“Até agora, temos a versão contada pela polícia e pelo governo do Estado. Mas há quem queira saber se tudo aconteceu da forma como dizem, ou se houve algo mais delicado na execução da ação”, declarou o petista.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), classificou o resultado da operação como positivo, ressaltando que as únicas vítimas foram os quatro agentes mortos por criminosos durante os confrontos.
Lula, por sua vez, demonstrou descontentamento com o saldo da ação.
“Do ponto de vista da quantidade de mortes, alguns podem considerar um sucesso. Mas, do ponto de vista da atuação do Estado, foi desastrosa”, concluiu o presidente.
Contexto e objetivos da Operação Contenção
Batizada de Operação Contenção, a ação policial teve como meta enfraquecer o domínio do Comando Vermelho na região metropolitana do Rio. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, os complexos vinham sendo utilizados como base estratégica da facção para treinamentos e recrutamento de novos integrantes.
A operação resultou em dezenas de mortes e na apreensão de armamentos e veículos blindados utilizados pelos criminosos, sendo considerada uma das maiores mobilizações de forças de segurança da história recente do Estado.