O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca neste domingo (21) em Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas em um momento de forte tensão entre Brasil e Estados Unidos. A viagem acontece dias após a imposição de tarifas comerciais pelo governo de Donald Trump e diante de atritos políticos que marcam a relação entre os dois países.
Relações Brasil–EUA em tensão
O atrito mais recente foi a decisão de Trump de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros. O republicano justificou a medida alegando perseguição política contra Jair Bolsonaro e criticando a atuação do Judiciário e do governo brasileiro na regulação das plataformas digitais.
Em resposta, Lula classificou a medida como um ato de “insensatez” contra um parceiro histórico e defendeu que Bolsonaro foi condenado no Supremo Tribunal Federal por suas próprias ações.
O petista também tem feito críticas públicas a Trump. No BRICS, disse que o mundo não precisava de “um imperador”. Em artigo no New York Times, declarou que a soberania do Brasil “não está à venda”. Mais recentemente, em entrevista à BBC, afirmou que o presidente norte-americano “faz mal à democracia” e apoia líderes antidemocráticos ao redor do mundo.
Questão da comitiva presidencial
Embora Lula tenha obtido visto para entrar nos EUA, há dúvidas sobre a liberação dos vistos de parte de sua comitiva, o que levou o Itamaraty a acionar instâncias diplomáticas norte-americanas.
Diferente de outras viagens, nenhum parlamentar acompanhará Lula nesta missão. A comitiva deve ser mais enxuta e incluir ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas), além da presidente do Banco do Brasil, Tarciana de Medeiros.
Até o momento, a assessoria do Palácio do Planalto não confirmou oficialmente todos os nomes.
Agenda oficial
Lula desembarca no fim da tarde de domingo, sem compromissos públicos no primeiro dia. Deve se reunir com a primeira-dama Janja, que já está em Nova York desde o início da semana.
Os principais compromissos são:
- Discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU — Lula será o primeiro chefe de Estado a falar, mantendo a tradição brasileira.
- Reuniões bilaterais — Encontros com presidentes e chanceleres para tratar de comércio, clima e segurança alimentar.
- Fóruns temáticos — Participação em painéis sobre mudanças climáticas, combate à fome e igualdade social.
- Agenda ministerial — Rodadas de negociação ao lado do ministro Mauro Vieira e outros auxiliares.