O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca uma nova tentativa de aproximação com o setor agropecuário, mas enfrenta desafios devido às críticas passadas e às recentes invasões de terra promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Durante sua campanha, Lula fez declarações controversas, como chamar integrantes do setor agropecuário de “fascistas”, o que ainda causa ressentimento. Além disso, a falta de ações concretas relacionadas ao agro tem dificultado a construção de uma relação positiva.
Em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o MST realizou manifestações em 23 estados e no Distrito Federal, invadindo quatro sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e propriedades rurais em Minas Gerais e na Bahia.
Apesar das ações do MST, Lula e seus ministros não comentaram o assunto, o que gerou críticas. Em resposta, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) lançou uma campanha contra invasões em propriedades públicas e privadas.
A possibilidade de mais invasões aumenta devido à insatisfação do MST com a condução da reforma agrária pelo governo Lula e à proximidade do “Abril Vermelho”, quando o movimento realiza atos em todo o país.
Além das tensões causadas pelo apoio do governo ao MST, a bancada do agro reclama da falta de suporte para enfrentar os desafios da próxima safra, incluindo quebra de produção e preços baixos. O distanciamento entre o governo e o setor agrícola tem se aprofundado.
Enquanto isso, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, busca amenizar a crise promovendo encontros com produtores rurais e mencionando anúncios futuros. Lula também tenta se aproximar do agro participando de eventos ligados ao setor e visitando estados agrícolas.
No entanto, a visita de Lula ao Rio Grande do Sul foi criticada pelo ex-presidente da CPI do MST, deputado Luciano Zucco (PL-RS), que questionou a demora em ajudar regiões afetadas por chuvas. A falta de repasse de recursos para programas como o seguro rural agrava a situação.
Diante das críticas e das ameaças de novas invasões do MST, a bancada do agro estuda uma ofensiva legislativa para coibir as ações do movimento. A eleição de parlamentares alinhados ao setor em comissões estratégicas pode facilitar a aprovação de medidas de combate às invasões.
A relação entre o governo Lula, o setor agropecuário e o MST continua sendo um ponto sensível na política brasileira, com desafios significativos a serem superados para construir uma convivência mais harmoniosa entre as partes envolvidas.
