Relator diz ter provas de viagem conjunta com lobista e afirma: “Ninguém pode estar acima da investigação”
O governo Lula atuou para barrar a convocação de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, na CPMI que investiga o esquema bilionário de fraudes contra aposentados do INSS. A base governista votou em peso para impedir que o filho do presidente depusesse, apesar de indícios já encaminhados pela Polícia Federal.
Segundo depoimentos colhidos pela PF, Lulinha teria recebido pagamentos mensais de R$ 300 mil do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como figura central do esquema de descontos ilegais em benefícios previdenciários.
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que já solicitou oficialmente à PF que aprofunde as investigações sobre o elo entre o filho do presidente e o lobista.
Gaspar: “Temos todos os detalhes da ligação entre Lulinha e o Careca”
Durante a sessão, Gaspar revelou que a comissão recebeu informações detalhadas sobre uma viagem de Lulinha a Lisboa, em 8 de novembro de 2024, realizada no mesmo voo e ao lado do Careca do INSS.
“Nós sabemos o número do voo, as poltronas ocupadas, o horário. Há um ano denunciamos essa relação”, afirmou o relator.
Gaspar sugeriu aos investigadores que analisem o trajeto completo:
“Se a PF vasculhar o voo de 8 de novembro, vai encontrar uma quadrilha”, declarou.
Blindagem causa revolta na CPMI
A tentativa de ouvir Lulinha foi derrotada pela articulação da base governista, o que irritou parlamentares independentes e da oposição. Gaspar classificou a manobra como “despudorada”.
“Eu não aguento mais essa blindagem. Ninguém pode estar acima da investigação”, desabafou o relator.
Ele reforçou que a CPMI investiga o maior roubo já registrado contra aposentados, pensionistas e viúvas, e que qualquer nome envolvido — independentemente de posição política — deve ser convocado.
Próximos passos
Com a convocação rejeitada, a CPMI seguirá analisando documentos e compartilhando informações com a Polícia Federal, que agora assume o aprofundamento da linha investigativa envolvendo Lulinha e o lobista.
Mesmo barrado politicamente na CPMI, o filho do presidente segue sob escrutínio dos investigadores.