O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia a aquisição de um novo avião presidencial para substituir a aeronave atualmente em uso. O plano enfrenta resistências internas por causa do alto custo — estimado entre R$ 1,4 bilhão e R$ 2 bilhões — e do risco de desgaste político em ano eleitoral.
O orçamento deve ser apresentado ao presidente no início de 2026. A etapa de cotações está avançada no Ministério da Defesa e na Aeronáutica, que desde 2024 analisam alternativas. A motivação central é a insatisfação do presidente e da primeira-dama com o modelo atual, sobretudo quanto à autonomia para longas viagens, ambientes para reuniões, área VIP e conforto.
Dificuldades técnicas e de mercado
Segundo a Aeronáutica, há baixa oferta internacional de aeronaves que atendam às exigências de chefes de Estado, o que pode alongar prazos e exigir adaptações exclusivas. Corretores especializados foram acionados para mapear fabricantes capazes de cumprir os critérios. A compra, se avançar, deverá ocorrer por licitação.
Risco político e impacto orçamentário
O principal temor do Planalto é a repercussão negativa do gasto bilionário durante a campanha de 2026. Há ainda o efeito colateral nas Forças Armadas, que enfrentam orçamento apertado: para 2026, a Defesa dispõe de cerca de R$ 141 bilhões, dos quais a maior parte vai para despesas de pessoal. Um investimento desse porte pode ampliar a insatisfação interna.
Outro ponto sensível é o custo das viagens eleitorais. Em campanha, despesas de deslocamento devem ser pagas pelo partido e ressarcidas ao governo, com prestação de contas ao TSE. Uma aeronave mais moderna pode elevar esses custos, já que o presidente só pode voar em aeronaves da FAB, acompanhado do GSI.
Incidentes recentes reforçam o debate
Nos últimos meses, episódios técnicos reacenderam a discussão sobre segurança e confiabilidade da frota:
- Outubro (Pará): falha antes da decolagem obrigou troca de aeronave.
- Março (SP): arremetida por ventos fortes.
- Outubro de 2024 (México): pane em turbina levou a horas de espera para pouso seguro.
Após o episódio no México, o presidente relatou temor pela própria vida. Desde então, a aeronave opera com turbina alugada, com previsão de troca dos motores.
O Aerolula
O atual avião presidencial, adquirido no primeiro mandato de Lula, possui áreas segmentadas (VIP, sala de reuniões e assentos para assessores), mas sofre críticas pela autonomia limitada, que já exigiu escalas adicionais em viagens longas. Atualizado, o custo de aquisição foi estimado em R$ 495 milhões.
Esta é a segunda tentativa de substituir a aeronave. No fim de 2024, o plano foi adiado em meio ao debate fiscal. Agora, o governo avalia se avança com cautela para evitar um novo foco de desgaste político em 2026.