Declarações do presidente em viagem à Indonésia causam polêmica e são vistas como mais um sinal de leniência com o crime organizado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a provocar controvérsia internacional ao afirmar que traficantes seriam “vítimas” dos usuários de drogas, durante uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (24), em Jacarta, capital da Indonésia, onde participa de encontro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Ao ser questionado sobre a ofensiva militar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra embarcações do narcotráfico venezuelano no Mar do Caribe, Lula disse que “seria mais fácil combater os viciados internamente” do que enfrentar os traficantes — a quem comparou a simples “vendedores”.
“Toda vez que a gente fala de combater drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são, sabe?, vítimas dos usuários também”, declarou o petista, em resposta à imprensa internacional.
A fala ocorre poucos dias depois de Trump afirmar que “não precisa de declaração de guerra para eliminar quem transporta drogas para os EUA”, em referência às ações americanas contra o tráfico ligado à ditadura de Nicolás Maduro, ex-aliado de Lula.
Lula critica Trump e defende respeito à “soberania” de Maduro
Durante a entrevista, o presidente brasileiro aproveitou para criticar a postura firme dos Estados Unidos e defender o princípio da “autodeterminação dos povos” — em clara referência à Venezuela. Segundo Lula, o combate ao narcotráfico deve ocorrer “em harmonia entre os países”, e não por meio de intervenções militares.
“Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, e de gente que compra porque tem gente que vende. É preciso que a gente tenha mais cuidado no combate à droga”, afirmou.
“Se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer. Aí o mundo vira uma terra sem lei”, completou Lula, em tom crítico à política externa americana.
O petista ainda disse que gostaria de “ter o imenso prazer de discutir o combate ao narcotráfico com Trump”, caso o encontro bilateral previsto para o domingo (26), na Malásia, seja confirmado.
Relativismo perigoso e desconexão com a realidade
Especialistas em segurança pública alertam que o discurso de Lula enfraquece a narrativa de combate ao crime e demonstra desconexão com a realidade do país, onde o tráfico de drogas é um dos principais motores da violência.
Enquanto os EUA e outros países da região endurecem o combate às redes de narcotráfico, o Brasil segue sem uma política efetiva de segurança nacional, com a Polícia Federal e o Exército operando sob restrições orçamentárias e a criminalidade se espalhando nas fronteiras e nos portos.
Veja a fala de Lula à imprensa, na Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta:https://youtu.be/Qk5j0qBJhGA?t=1586
