Dólar Hoje Euro Hoje
quinta-feira, 31 julho, 2025
Início » Lawfare? Wall Street Journal questiona falsificação de registro de entrada nos EUA que manteve Filipe Martins preso

Lawfare? Wall Street Journal questiona falsificação de registro de entrada nos EUA que manteve Filipe Martins preso

Por Alexandre Gomes

O influente The Wall Street Journal publicou neste domingo (27) um duro artigo assinado pela colunista Mary Anastasia O’Grady, questionando as autoridades norte-americanas e brasileiras sobre uma grave suspeita: quem criou um falso registro de entrada nos EUA atribuído ao ex-assessor especial de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, usado como base para sua prisão no Brasil por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF)?

A matéria, intitulada “Um mistério do CBP aponta para Lawfare”, aponta para adulteração de dados do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) dos Estados Unidos, que teriam sido utilizados para sustentar a narrativa de que Martins deixou o Brasil de forma clandestina, em dezembro de 2022 — o que já foi desmentido por registros oficiais.

Registro falso apareceu duas vezes

Segundo O’Grady, o formulário I-94 fraudulento apareceu no site oficial do CBP em Orlando, na Flórida, não uma, mas duas vezes desde 2024. Após ser removido em junho daquele ano, voltou a ser publicado em julho de 2025, mesmo após o próprio governo dos EUA reconhecer o erro.

A jornalista se pergunta quem teria interesse em manter o registro falso ativo e sugere a possibilidade de interferência política dentro da CBP em favor de interesses no Brasil, especificamente contra aliados de Bolsonaro.

Prisão de seis meses e restrições

Filipe Martins foi preso em fevereiro de 2024, sob a acusação de tentativa de fuga, com base justamente nesse documento falso. Ele passou 183 dias na prisão, e atualmente está em liberdade restrita, usando tornozeleira eletrônica, sem poder sair da cidade onde reside, impedido de usar redes sociais e de dar entrevistas.

Mesmo após o erro ser reconhecido pelas autoridades norte-americanas, o ministro Moraes não atualizou sua decisão, conforme aponta O’Grady, que critica a insistência do Judiciário brasileiro em utilizar informações já desmentidas para justificar a prisão.

Pressão por delação?

A colunista também sugere que a prisão prolongada pode ter tido como objetivo forçar uma delação de Filipe Martins contra Bolsonaro. Ela lembra que há fracas evidências da suposta tentativa de golpe e menciona que o delator Mauro Cid já recuou de declarações que implicavam o ex-presidente, alegando ter sido coagido.

Em seu depoimento na última semana, Filipe Martins declarou acreditar que sua detenção — “às vezes em circunstâncias desumanas” — visava exatamente isso: pressioná-lo a entregar declarações contra Bolsonaro.

Defesa cobra transparência dos EUA

A advogada de Martins, Ana Bárbara Schaffert, já acionou autoridades dos EUA e entrou com um processo judicial na Flórida, solicitando os dados sobre quem criou o registro falso e quando. Até agora, as respostas foram genéricas e o nome do autor da inserção fraudulenta foi ocultado nos documentos entregues.

“O que é pior? O crime ou o encobrimento?”, pergunta a colunista ao final de seu artigo, reforçando o tom crítico e levantando dúvidas sobre a lisura do processo que levou à prisão de um dos nomes mais próximos de Bolsonaro durante seu governo.

A denúncia do Wall Street Journal levanta um novo capítulo no debate sobre lawfare no Brasil, com potenciais repercussões diplomáticas, judiciais e políticas.

Você pode se Interessar

Deixe um Comentário

Sobre nós

Somos uma empresa de mídia. Prometemos contar a você o que há de novo nas partes importantes da vida moderna

@2024 – Todos os Direitos Reservados.