Juíza aponta risco e decide manter banqueiro na custódia da Polícia Federal; sócio também segue detido
A Justiça Federal do Distrito Federal decidiu manter a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, após audiência de custódia realizada nesta terça-feira (18). Vorcaro foi detido pela Polícia Federal na segunda-feira (17), em São Paulo, quando se preparava para embarcar para o exterior. A defesa informou que recorrerá da decisão.
O banqueiro permanece na sede da PF na capital paulista. Os advogados pediram que ele seja mantido na carceragem local, alegando questões de segurança. A juíza responsável determinou que a Polícia Federal avalie e informe se há condições adequadas para isso. Na mesma operação, foi preso Augusto Lima, sócio de Vorcaro no Master.
Defesa nega risco de fuga e alega viagem profissional
A audiência de custódia começou por volta das 16h e durou cerca de uma hora. A defesa argumentou que, em razão da liquidação do Banco Master, não haveria risco que justificasse a prisão preventiva. Os advogados também afirmaram que Vorcaro tinha reunião previamente agendada em Dubai com representantes do fundo interessado na compra da instituição.
A defesa ressaltou que o banqueiro está impedido judicialmente de administrar instituições financeiras, e que buscas e apreensões já foram concluídas, eliminando eventual risco de destruição de provas. Além disso, mencionou que ele tem mulher e filho no Brasil, o que afastaria a suspeita de fuga.
No entanto, investigadores afirmam que o plano de voo real indicava destino final para Malta, no Mediterrâneo — informação que reforçou a hipótese de tentativa de deixar o país. Segundo a PF, Vorcaro teria tido acesso antecipado a informações sigilosas sobre a ordem de prisão e sobre a decisão do Banco Central de liquidar o Master.
Investigação aponta fraude bilionária
A operação que atingiu Vorcaro investiga desvios bilionários na compra de carteiras de crédito do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), transação que havia sido anunciada em março deste ano, mas que não recebeu aprovação do Banco Central.
De acordo com o Ministério Público Federal e com a Polícia Federal, houve um repasse do BRB ao Master no valor de R$ 12,2 bilhões, sem justificativa adequada. As apurações indicam que:
- R$ 7 bilhões se referem a contratos falsos;
- R$ 5,5 bilhões correspondem ao pagamento de prêmios por carteiras de crédito infladas artificialmente por bônus;
- As transferências começaram antes do anúncio da intenção de compra, estendendo-se até maio deste ano.
Segundo a PF, Vorcaro teria acelerado a divulgação pública da suposta negociação com fundos árabes para desviar a atenção das autoridades enquanto organizava sua saída do país.