Durante a cerimônia de audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (1º) pela Corte de Apelação de Roma, a Justiça italiana decidiu manter a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) presa na penitenciária feminina de Rebibbia. A parlamentar foi condenada no Brasil a dez anos de prisão por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está detida desde que foi incluída na lista vermelha da Interpol, a pedido do Supremo Tribunal Federal.
Durante a audiência, que durou cerca de três horas e meia, a defesa de Zambelli solicitou que sua prisão fosse substituída por medidas alternativas, argumentando que ela sofre de problemas de saúde e está sem acesso aos medicamentos de que necessita. O juiz Aldo Morgigni, responsável pelo caso, indeferiu o pedido, mantendo a prisão preventiva enquanto tramita o processo de extradição requerido pelo Brasil.
Apesar de manter a detenção, a Justiça italiana autorizou que Zambelli receba os medicamentos necessários, em resposta aos apelos da defesa. A próxima audiência está marcada para o dia 15 de agosto, quando o caso será reavaliado.
O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, afirmou que a Justiça italiana não irá acobertar um fugitivo da lei brasileira e que o processo seguirá de forma independente, dentro dos trâmites legais do país europeu. Ele destacou que a decisão final sobre a extradição caberá ao Ministério da Justiça italiano, que pode aprovar ou recusar o pedido com base em critérios jurídicos, políticos ou humanitários. Esse processo pode se estender por meses ou até anos.
A defesa de Zambelli também alega que ela possui cidadania italiana e que está sendo vítima de perseguição política no Brasil, o que poderia justificar um eventual pedido de asilo. Caso o governo italiano aceite esse argumento, o processo de extradição poderia ser encerrado e a parlamentar libertada.
O pai da deputada, João Hélio Salgado, de 77 anos, esteve presente nos arredores da Corte, demonstrando preocupação com a saúde da filha e relatando que ela enfrenta diversas condições médicas agravadas pela falta de medicação adequada.
Com a prisão mantida, Carla Zambelli permanecerá em Rebibbia até que a Justiça italiana reavalie o caso na próxima audiência. O episódio segue repercutindo fortemente no cenário político e diplomático entre Brasil e Itália.