Primeira-dama ganha destaque em comunicação internacional da conferência
Um documento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou que a primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva (Janja), foi promovida a porta-voz da COP30 por meio de uma ação conduzida pela Edelman, uma das maiores agências de relações públicas do mundo, contratada com recursos da ONU.
O caso foi divulgado pelo jornalista David Ágape, no site A Investigação. Segundo a apuração, o contrato da Edelman foi firmado a pedido do governo brasileiro e financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com valor estimado em US$ 835 mil (cerca de R$ 4,5 milhões). O objetivo oficial seria fortalecer a comunicação internacional da COP30, que será sediada em Belém (PA), em novembro de 2025.
Na prática, porém, o material distribuído pela Edelman apresentou Janja como “voz central” da conferência, destacando-a entre as principais “líderes mulheres da COP30”. O e-mail foi enviado a jornalistas estrangeiros pela filial da empresa em Nova York e oferecia entrevistas com a primeira-dama para tratar de temas como violência de gênero, insegurança alimentar e participação feminina na política.
O envio ocorreu em setembro, quando Janja participou da Climate Week NYC 2025, evento paralelo à Assembleia Geral da ONU.
Papel institucional e questionamentos
Embora a presidência da COP30 esteja sob coordenação do governo brasileiro, Janja não possui cargo técnico ou público formalmente vinculado à conferência. A inclusão de sua imagem em campanhas de divulgação financiadas por organismos internacionais levanta questionamentos sobre uso de verba pública e promoção pessoal.
O documento registrado nos Estados Unidos sob a Lei de Agentes Estrangeiros (FARA) descreve a ação como parte da estratégia de comunicação da COP30, mas sem detalhar o motivo da promoção da primeira-dama como figura central da campanha.
Até o momento, a ONU, o Itamaraty, a Edelman, a Secom e a presidência da COP30 não se manifestaram sobre o episódio.