Em mais um movimento que reforça a guinada ideológica da política externa brasileira, o Itamaraty, sob comando do governo Luiz Inácio Lula da Silva, condenou neste domingo (22) a recente ofensiva de Israel e dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã, enquanto silenciou sobre o financiamento iraniano ao terrorismo internacional e os ataques promovidos por grupos como Hamas e Hezbollah.
O comunicado do Ministério das Relações Exteriores manifestou “grave preocupação” com a escalada militar no Oriente Médio e classificou os ataques como violação da soberania iraniana, do Direito Internacional e das normas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O governo brasileiro, no entanto, não mencionou uma única vez as agressões recentes do Irã — como o disparo de mísseis e drones contra Israel, nem o apoio explícito do regime dos aiatolás a organizações reconhecidamente terroristas.
Alinhamento seletivo e silêncio cúmplice
A postura do Itamaraty sob Lula segue uma linha clara e preocupante: enquanto é rápido e severo para condenar democracias ocidentais, poupa e até prestigia regimes autoritários como o Irã, a Venezuela, Cuba e Nicarágua. Em janeiro, por exemplo, o chanceler Mauro Vieira recebeu em Brasília com honras diplomáticas o ministro das Relações Exteriores do Irã — mesmo em meio à crescente repressão interna e ameaças contra Israel.
Essa diplomacia “militante” ficou evidente também quando Lula, em fevereiro, comparou Israel a Hitler por suas ações na Faixa de Gaza. A declaração gerou repercussão internacional negativa, mas o governo brasileiro reforçou sua posição, ignorando os ataques terroristas de 7 de outubro promovidos pelo Hamas, que iniciaram o atual conflito.
A crítica da Comissão de Relações Exteriores
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara, presidida pelo deputado Filipe Barros (PL-PR), classificou a nota do Itamaraty como “lamentável” e criticou a omissão do governo Lula em reconhecer a verdadeira natureza do regime iraniano. Segundo Barros, o governo brasileiro rompe com a tradição de equilíbrio da diplomacia brasileira e opta por um alinhamento ideológico com inimigos da liberdade.
“O Brasil está sendo diligente em condenar Israel e os EUA, mas se cala frente a ditaduras que financiam o terrorismo. É um erro histórico e moral”, afirmou o parlamentar.
A comissão irá discutir uma moção de apoio a Israel e pretende convocar autoridades para esclarecer a postura do governo.
Um conflito entre civilizações
Como destacou o colunista J. R. Guzzo, o embate entre Israel e Irã vai muito além de um conflito regional: é um confronto entre duas visões de mundo — de um lado, a democracia e os direitos individuais; do outro, o fundamentalismo e o terror teocrático. “Israel está sendo atacado por uma ditadura que exige sua extinção, não fronteiras”, escreveu Guzzo.
Enquanto mísseis caem sobre Tel-Aviv, o governo Lula prefere a neutralidade conveniente. Mas, como lembra Guzzo, “o Brasil se posiciona ao lado errado da história”, flertando com regimes que não respeitam a vida humana, a liberdade de culto ou a democracia.
“Israel e os israelenses vão continuar vivos. O Irã, com sorte, vai negociar um cessar-fogo. E a humanidade, no fim, agradecerá aos que tiveram coragem de enfrentar o terror”, conclui o colunista.