Os dados do IPCA divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (10) mostram que os preços de alimentos essenciais, como carnes, aves e ovos, continuam subindo e colocando em xeque a eficácia das políticas econômicas do governo Lula. Em novembro, as carnes registraram alta de 8%, enquanto aves e ovos subiram 1,36%. Esses números apontam para uma escalada inflacionária que impacta diretamente o orçamento das famílias, sobretudo as de baixa renda, e evidencia a falta de respostas eficazes do governo para conter a crise.
A explosão nos preços das carnes
Entre os cortes bovinos, a alta é alarmante: o patinho subiu 19,63%, seguido por acém (18,33%), peito (17%) e lagarto comum (16,91%). Nenhum corte popular foi poupado, com aumentos em alcatra (9,31%), chã de dentro (8,57%) e contrafilé (7,83%). Apenas o fígado apresentou queda de preço, mas de forma irrelevante diante do cenário geral.
Os economistas explicam que o ciclo pecuário e o aumento das exportações são os principais responsáveis. No entanto, cabe questionar: onde está a ação do governo para mitigar os efeitos internos dessa dinâmica? Enquanto o Brasil bate recordes de exportação de carne bovina, o consumidor doméstico paga preços exorbitantes. O discurso de que o mercado externo beneficia a economia não se sustenta para quem enfrenta dificuldades para colocar comida na mesa.
A falta de políticas claras para conter a inflação
O governo Lula, que se elegeu com a promessa de priorizar o social, tem demonstrado fragilidades em áreas essenciais como a segurança alimentar. Até agora, as medidas para combater a alta nos preços têm sido tímidas ou inexistentes. Não há subsídios, incentivos à produção interna nem políticas efetivas para regular o mercado de exportação e proteger o consumidor brasileiro.
A prioridade dada ao equilíbrio fiscal e à política de juros do Banco Central mostra-se insuficiente e desconectada da realidade da maioria da população. É inaceitável que, em um país com a tradição de programas sociais robustos, falte uma estratégia clara para controlar o custo dos alimentos básicos.
Impactos sociais e políticos
A alimentação no domicílio, que reflete diretamente o consumo das famílias, registrou alta de 1,81% em novembro, enquanto a alimentação fora do lar subiu 0,88%. Esses aumentos atingem em cheio os mais pobres, ampliando desigualdades e dificultando a recuperação econômica prometida.
Em um momento de crise, a inação do governo contribui para agravar a sensação de abandono entre os brasileiros. Promessas de programas sociais fortalecidos e redução das desigualdades são constantemente eclipsadas pela incapacidade de lidar com problemas estruturais.
Críticas à gestão Lula e perspectivas
O governo Lula parece preso a um discurso de retomada econômica que não encontra correspondência na realidade. A dependência do mercado externo para commodities, somada à falta de uma estratégia nacional para conter os preços, reflete uma gestão que privilegia interesses macroeconômicos em detrimento das necessidades imediatas da população.
Sem mudanças significativas, a continuidade da alta inflacionária pode se transformar em um dos maiores desafios políticos do governo. A insatisfação popular cresce, e os resultados econômicos tardam a aparecer. O cenário indica que, sem uma intervenção firme e clara, 2024 poderá consolidar a percepção de que o governo Lula perdeu o controle sobre a economia, frustrando a expectativa de um governo voltado para os mais vulneráveis.
A crise inflacionária não é apenas econômica; é também política. E o governo Lula precisa entender que a população espera mais do que discursos: exige ações concretas que protejam o direito básico à alimentação.