A senadora Tereza Cristina (PP-MS) afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito esforços para melhorar o diálogo com o agronegócio após os ataques iniciais ao setor nos primeiros meses de seu mandato. No entanto, ela critica a falta de ação eficaz do governo em conter as invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Cristina, uma das principais vozes do agronegócio no país, reconhece que o governo atual está destinando mais recursos ao setor do que antes. No entanto, a falta de medidas mais assertivas de Lula em relação aos aliados históricos prejudica uma melhor relação com os produtores.
“Temos um problema sério de invasões. Não é culpa do governo, mas ele também não se mexeu”, disse a senadora em entrevista ao jornal O Globo publicada neste fim de semana.
Segundo Tereza Cristina, a postura inicial de Lula foi desfavorável, com “falas hostis” aos produtores. Ele chegou a chamá-los de “fascistas e negacionistas” durante um evento na Bahia.
“Lula colocou o MST como uma prioridade, retomando a questão das invasões e dando a entender que o MST é um movimento legítimo. Os produtores rurais não aceitam a insegurança que a invasão em terras produtivas traz”, aponta a senadora.
Mais recentemente, Lula prometeu aos membros do MST mais diálogo e investimentos em programas sociais e políticas públicas. Na última sexta-feira (19), ele participou de uma reunião a portas fechadas com mais de 70 movimentos sociais no Armazém do Campo, em São Paulo, administrado pelos sem-terra.
Para a senadora, apesar dessa ligação, há avanços e esforços de Lula em destinar mais recursos ao agronegócio, como demonstrado nos dois últimos Planos Safra, que apresentaram valores recordes. O plano deste ano, por exemplo, totaliza R$ 475 bilhões, sendo R$ 400 bilhões para o agronegócio empresarial e R$ 75 bilhões para pequenos e médios produtores.
“Lula percebe que, para aprovar qualquer projeto na Câmara hoje, é necessário o apoio da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA). São mais de 300 deputados votando de forma coesa. O Senado também está crescendo nesse sentido. É uma questão de sobrevivência; o governo precisa estar mais próximo”, afirma a senadora.
Ela também critica Lula por tratar igualmente os produtores que seguem rigorosamente a legislação – como a preservação compulsória de reserva legal – e os 2% que cometem crimes ambientais. “Os produtores se sentem mal com isso. Não vemos defesa do produtor rural no exterior”, concluiu, lembrando que o agronegócio é o setor que impulsiona a economia brasileira.