O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que a discussão sobre a anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro será conduzida com imparcialidade. A afirmação foi feita na noite deste domingo (2), durante uma coletiva de imprensa.
“Esse tema é o que mais divide a Casa hoje”, afirmou Motta.
Segundo ele, o Partido Liberal (PL) defende a votação da proposta, enquanto a esquerda, principalmente o PT, se opõe. O parlamentar destacou que a decisão sobre a pauta será levada aos líderes da Câmara para deliberação de forma equilibrada.
“Vamos conduzir com a maior imparcialidade possível”, reforçou Motta.
Discussões entre governo e oposição
A questão da anistia tem sido um dos principais pontos de atrito entre o governo Lula e a oposição. No ano passado, o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criou uma comissão especial para tratar do assunto, mas a discussão não avançou.
Nesta segunda-feira (3), Hugo Motta terá um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. A reunião, que acontecerá no Palácio do Planalto, deve abordar prioridades legislativas e alinhamento entre os poderes.
Quem é Hugo Motta?
Motta, de 35 anos, será o presidente mais jovem da história da Câmara. Médico por formação, foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2010, com apenas 21 anos.
Sua trajetória política começou no MDB, partido no qual participou das articulações do impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. Em 2019, migrou para o Republicanos, legenda que liderou até este ano.
Diferente de outros parlamentares, Motta tem um perfil discreto e voltado para articulações nos bastidores, sem grande presença midiática. Já esteve alinhado a figuras como Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e Arthur Lira.
O novo presidente da Câmara também mantém boas relações com políticos de peso, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro de Jair Bolsonaro e uma das principais vozes da oposição a Lula no Congresso.
Com sua eleição garantida com 444 votos dos 513 deputados, Hugo Motta assume o comando da Câmara em um momento de forte polarização, tendo a missão de mediar debates sensíveis como a anistia dos presos de 8 de janeiro.
