Policial ferroviário federal expõe descumprimento de compromisso assumido por Lula há 15 anos durante evento no Rio de Janeiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi publicamente cobrado por uma promessa não cumprida durante discurso realizado nesta terça-feira (15), em evento na Serra das Araras (RJ), após visita às obras de recuperação da Rodovia Presidente Dutra. A situação gerou um momento de constrangimento para o chefe do Executivo federal.
Durante sua fala, Lula foi interrompido por Isaias Nascimento Cardoso, que se identificou como policial ferroviário federal. De forma direta, ele lembrou uma promessa feita pelo presidente em 2009: a regulamentação da categoria dos policiais ferroviários federais, que até hoje não foi cumprida.
— O senhor se comprometeu com os policiais ferroviários. Eu tenho o vídeo. O senhor se comprometeu a nos regularizar. Hoje são 1.800 policiais ferroviários federais prestando um serviço à rodovia — afirmou Cardoso, em tom de indignação.
Surpreendido pela cobrança, Lula evitou responder diretamente ao questionamento e desviou o foco da discussão. Em vez de abordar o tema da regulamentação, limitou-se a falar genericamente sobre a importância das ferrovias para o país.
— Eu acho que esse companheiro levantou um tema fundamental. O Brasil não precisa apenas de rodovia, precisa de ferrovia e precisa recuperar a sua cabotagem, porque é preciso que a gente tenha transporte marítimo, ferroviário e transporte rodoviário — declarou o presidente, sem apresentar qualquer posição concreta sobre o pleito da categoria.
O episódio expôs mais uma fragilidade do atual governo, frequentemente criticado por prometer avanços sem apresentar ações efetivas em áreas específicas, como a dos servidores da segurança pública. Apesar de Lula ter reforçado durante a cerimônia seu compromisso com obras de infraestrutura, o impasse envolvendo os policiais ferroviários federais segue sem solução desde seu segundo mandato.
Ainda durante o evento, Lula criticou gestões anteriores por paralisarem obras em andamento:
— Essa irresponsabilidade administrativa não vai acontecer mais no país. A gente precisa chegar à conclusão de que esse país não pode mais passar um século sendo tratado como um país do futuro — afirmou.
A cobrança pública reacende o debate sobre o cumprimento de promessas de campanha e compromissos firmados com categorias profissionais, especialmente aquelas que há décadas aguardam reconhecimento legal e funcional por parte do Estado.