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quinta-feira, 21 novembro, 2024
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Haddad minimiza pressão para cortar gastos enquanto dólar dispara, e governo segue sem plano claro para ajuste fiscal

Por Alexandre Gomes

Na quarta-feira, 30, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desdenhou das expectativas em torno dos cortes de despesas, afirmando que há uma “forçação boba” para que o governo apresente medidas de ajuste. O comentário, feito após questionamentos sobre a política de gastos, gerou reações no mercado, que já vê com preocupação a falta de ações concretas para conter o déficit fiscal.

Haddad foi enfático ao dizer que as discussões sobre a redução de despesas não deveriam ocorrer sob pressão, declarando que o funcionamento da economia não depende de ajustes imediatos. O encontro de quarta-feira da Junta de Execução Orçamentária (JEO), que muitos esperavam que abordasse o tema, foi resumido por Haddad em “não teve nada”. Enquanto isso, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, indicou que poderia haver algum avanço nas discussões de gastos, mas, no final, as sinalizações concretas para uma política de controle orçamentário ficaram mais uma vez em aberto.

Dólar dispara e pressiona governo Lula

A reação do mercado foi imediata: na terça-feira, 29, o dólar bateu R$ 5,76, maior cotação desde 2021, continuando em alta na quarta-feira, quando chegou a R$ 5,77, refletindo a incerteza econômica. A variação na moeda norte-americana coloca ainda mais pressão sobre a inflação, que já preocupa economistas e investidores, e amplia os temores sobre o futuro da política fiscal no governo Lula. Desde a aprovação do arcabouço fiscal, em junho, o dólar subiu R$ 1 em relação ao real, passando de R$ 4,76 para R$ 5,76, um indicativo da descrença no compromisso do governo com o ajuste fiscal.

Apesar das projeções de corte de R$ 25 bilhões nas despesas, segundo o Projeções Broadcast, Haddad ainda não especificou uma proposta concreta, sinalizando apenas que uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode ser enviada ao Congresso. A falta de definição segue frustrando o mercado, que vê as mudanças na meta fiscal, válidas a partir de 2025, como uma desculpa para postergar medidas que poderiam trazer equilíbrio econômico.

Arcabouço fiscal: promessas x realidade

O governo havia sancionado o arcabouço fiscal em agosto, com o compromisso de controlar o crescimento dos gastos e promover a estabilidade da dívida pública. Contudo, a equipe de Lula parece pouco empenhada em cumprir as metas fiscais para 2024, agravando a preocupação dos investidores. Ao alterar as metas para os próximos anos, o governo enfraquece as expectativas de um superávit e de uma estabilização efetiva da dívida, frustrando qualquer esperança de um cenário fiscal sólido.

Alta do dólar e a falta de direção

Embora o cenário externo – com o fortalecimento do dólar diante de políticas restritivas do Federal Reserve – também influencie o câmbio no Brasil, a falta de clareza do governo Lula e a postura ambígua de Haddad sobre o controle de gastos internos são elementos centrais para a alta do dólar. A ausência de um plano fiscal robusto e a relutância do governo em enfrentar ajustes estruturais indicam uma política econômica incerta, que coloca o país sob maior risco e pressiona ainda mais o custo de vida dos brasileiros.

O mercado cobra uma resposta do governo, mas a mensagem que chega é de hesitação e falta de comprometimento com uma política econômica responsável.

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