O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expôs sua fragilidade política ao recorrer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para interceder junto à base aliada no Congresso. O pedido de ajuda aconteceu em um momento delicado, já que Lula ainda se recupera de uma cirurgia na cabeça. A intervenção presidencial foi solicitada para destravar o pacote de medidas econômicas defendido pelo governo, mas amplamente criticado por economistas, pelo mercado e pela oposição, que consideram as propostas insuficientes.
Além de sinalizar dificuldades de articulação, a atitude de Haddad também revelou seu distanciamento com integrantes do próprio Partido dos Trabalhadores (PT). Petistas têm criticado o ministro por arrogância e pela falta de diálogo ao apresentar medidas que, segundo eles, trarão prejuízos desnecessários à população mais pobre.
A insatisfação com o pacote de Haddad levou o ministro a sugerir, em um movimento visto como desesperado, uma ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. A medida tenta apaziguar as críticas e ganhar apoio, mas é considerada tardia por aliados.
O desgaste do ministro foi agravado pela divulgação de uma pesquisa do Datafolha, que revelou que apenas 27% dos brasileiros aprovam sua atuação — um índice que o coloca em uma posição delicada. Menos de um terço dos entrevistados mostrou apoio às ações de Haddad, refletindo o ceticismo da sociedade com os rumos da política econômica.
Ao invés de buscar harmonia, Haddad adotou um tom confrontativo ao culpar o Congresso pela frustração de suas metas fiscais. Ele apontou a desoneração da folha salarial e o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) como responsáveis pela dificuldade de equilibrar as contas públicas. A crítica foi mal recebida pelos parlamentares, especialmente após Haddad mencionar o superávit de R$ 54,9 bilhões deixado pelo governo de Jair Bolsonaro em 2022, gerando comparações desfavoráveis.
Enquanto tenta equilibrar as pressões do mercado e as expectativas políticas, Haddad se vê cada vez mais isolado. Ao buscar apoio de Lula, expôs não apenas a fragilidade do diálogo com o Congresso, mas também a falta de respaldo dentro do PT, aumentando a desconfiança em torno de sua capacidade de conduzir a agenda econômica do governo.