A oposição na Câmara dos Deputados está pressionando por uma audiência com o jornalista Glenn Greenwald. O convite para que ele preste depoimento surge após uma reportagem da Folha de S.Paulo revelar que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pode ter agido fora dos protocolos legais em inquéritos que investigam bolsonaristas.
A solicitação para a audiência foi feita pelo deputado Sanderson (PL-RS) à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Na semana passada, Greenwald e Fabio Serapião publicaram a primeira parte de uma série de reportagens baseadas em mensagens vazadas entre assessores de Moraes, trocadas de agosto de 2022 a maio de 2023.
As mensagens sugerem que Moraes teria solicitado de maneira informal ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a elaboração de relatórios sobre os investigados nos inquéritos das milícias digitais e das fake news, casos que estão sob sua relatoria no STF.
No requerimento, Sanderson pede que Greenwald compareça à comissão para explicar as denúncias de supostos abusos de autoridade cometidos por Moraes. O deputado justifica o pedido pela “importância da matéria e a pertinência das denúncias, que envolvem questões criminais e afetam a segurança pública por supostos abusos de autoridade”.
Em resposta, o gabinete de Moraes afirmou que os pedidos de informações entre tribunais são procedimentos comuns e que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com a participação integral da Procuradoria-Geral da República.”
A oposição no Congresso está também elaborando um “superpedido” de impeachment contra Moraes, baseado em alegadas irregularidades nas prisões de figuras como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-deputado federal Daniel Silveira, o ex-assessor de Jair Bolsonaro Felipe Martins e o comerciante Clériston Pereira da Cunha, que foi preso durante os atos radicais de 8 de janeiro e morreu no Complexo Penitenciário da Papuda.
