Dólar Hoje Euro Hoje
domingo, 22 setembro, 2024
Início » Governo Lula teme manobras do Congresso em regulamentação das emendas parlamentares

Governo Lula teme manobras do Congresso em regulamentação das emendas parlamentares

Por Marina B.

Apesar da promessa de maior transparência nas emendas parlamentares, conforme expressa a nota conjunta dos três Poderes, setores do governo Lula (PT) ainda temem que o Legislativo busque manobras na regulamentação para manter maior controle sobre esses valores.

Integrantes do Executivo estão preocupados que deputados e senadores possam aproveitar o debate no Congresso para expandir seu poder sobre a destinação dos recursos públicos.

Atualmente, a Constituição garante aos parlamentares dois tipos de emendas: individuais e de bancada. Juntas, elas representam 3% da Receita Corrente Líquida (RCL), o que equivale a R$ 33,6 bilhões para este ano.

As emendas de comissão, por sua vez, são uma ferramenta mais recente, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), e não possuem a mesma permanência ou valor garantido, sendo sujeitas a negociações anuais e bloqueios para atender regras fiscais.

Há preocupações de que, no médio prazo, os congressistas possam apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para transformar as emendas de comissão em impositivas, o que representaria uma derrota para o governo.

Esse processo não é inédito. A LDO já foi a base para a criação das emendas individuais e de bancada, que posteriormente foram incorporadas à Constituição.

Caso uma PEC nesse sentido seja aprovada, um membro do governo sugere que isso seria como o Congresso entregar os anéis, mas ficar com os dedos mais gordinhos.

Aliados do presidente enxergam a nota divulgada após o almoço no STF (Supremo Tribunal Federal) como uma carta de intenções. Há, no entanto, uma percepção entre parlamentares e membros do Planalto de que o impasse sobre as emendas enfraqueceu o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que está tentando emplacar um sucessor.

Lira, conhecido por controlar uma parte significativa das emendas de comissão, enfrenta dificuldades devido ao bloqueio dos recursos, o que atrapalha suas negociações para apoiar um sucessor.

Nos bastidores, há rumores de que a atuação do ministro Flávio Dino, do STF, teve apoio de membros do Executivo, indicando uma colaboração entre os dois Poderes para enfraquecer o Congresso.

O acordo anunciado para resolver a crise das emendas foi visto como uma vitória para o governo Lula, ao destinar recursos para obras estruturantes, conforme o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). No entanto, críticos apontam que muitas das exigências já estavam em vigor para essas emendas.

Outro aspecto positivo, segundo defensores do acordo, é que as emendas não devem crescer mais do que o aumento das despesas discricionárias, evitando que uma parte cada vez maior das despesas livres seja alocada para emendas.

Ainda assim, há ceticismo sobre a eficácia dessa medida, especialmente com o aumento esperado das despesas obrigatórias como Previdência e Bolsa Família, que podem reduzir as despesas discricionárias.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), comentou que o acordo focou apenas no cenário de crescimento e não abordou a possibilidade de redução das despesas discricionárias.

Outro ponto positivo é que a liberação dos recursos está condicionada à definição de novas regras negociadas entre Judiciário, Legislativo e Executivo.

Interlocutores no Planalto preveem intensos debates durante os próximos dez dias para definir esses novos parâmetros. Eles acreditam que o Parlamento pode tentar evitar a transparência e manter o controle das emendas.

O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que também controla uma parte significativa desses recursos, expressou preocupações sobre possíveis restrições que possam afetar municípios importantes. Ele está propondo sugestões para garantir que ninguém fique sem recursos.

Alcolumbre é visto como possível sucessor de Pacheco na presidência do Senado em 2025. Ao ser questionado sobre a possibilidade de o Congresso tentar aumentar a impositividade das emendas, o senador negou.

Alcolumbre teve uma reunião com Lula na noite de terça-feira sobre emendas, e o petista também se encontrou separadamente com Lira e Pacheco durante a semana.

Uma ala do governo minimiza a possibilidade de que o Congresso articule estratégias para contornar as negociações. Dois ministros afirmam que Lira e Pacheco concordaram com os termos discutidos na reunião do STF, que não incluíam a transformação das emendas de comissão em impositivas.

Durante a reunião de terça-feira, um ponto controverso foi a proposta de desvinculação do valor das emendas da receita corrente líquida do governo, o que poderia levar a uma redução futura dos recursos parlamentares. Para esses ministros, o poder de Lira e do futuro presidente da Câmara seria reduzido ao evitar a individualização das emendas de bancada. Atualmente, os presidentes das comissões enviam as verbas de acordo com acordos prévios com líderes da Casa.

Você pode se Interessar

Deixe um Comentário

Sobre nós

Somos uma empresa de mídia. Prometemos contar a você o que há de novo nas partes importantes da vida moderna

@2024 – Todos os Direitos Reservados.