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quarta-feira, 6 novembro, 2024
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Governo Lula teme impacto do reforço do Bolsonaro com vitória de Trump e influência de Musk, aponta jornal

Por Alexandre Gomes

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos é vista pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não apenas como um desafio nas relações internacionais, mas também como um potencial problema de política interna, com impactos possíveis nas eleições presidenciais de 2026 e nas dinâmicas internas do Brasil, segundo matéria da Folha.

Reforço do Bolsonarismo

Para auxiliares de Lula, a eleição de Trump tem o potencial de energizar o bolsonarismo no Brasil, dando novo ímpeto a um movimento que já demonstra grande proximidade com o ex-presidente dos EUA. Bolsonaro tem sido um entusiasta declarado de Trump, com frequentes elogios e até mesmo relações pessoais estreitas com figuras do entorno do republicano, como o próprio Donald Trump Jr. Essa proximidade não é apenas simbólica, mas também estratégica, com Bolsonaro e seus filhos buscando estabelecer uma conexão mais forte com o núcleo duro do Partido Republicano.

O ex-presidente brasileiro, imediatamente após a confirmação da vitória de Trump, fez questão de parabenizá-lo, descrevendo-o como “um verdadeiro guerreiro” que superou uma “injustificável perseguição eleitoral”. Bolsonaro, sempre atento ao uso político das redes sociais, também fez questão de destacar a força do conservadorismo global, alardeando o impacto dessa vitória não só nos Estados Unidos, mas também para as forças de direita em todo o mundo.

O governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também se apressou a comemorar a vitória de Trump, reforçando a mensagem de patriotismo, prosperidade e liberdade, valores alinhados com o bolsonarismo e com a agenda conservadora. A proximidade de figuras como Tarcísio, além de outros membros do Partido Liberal (PL), reforça a ideia de que a vitória de Trump pode fortalecer ainda mais o campo conservador no Brasil, especialmente se aliados como Bolsonaro conseguirem alinhar a política externa brasileira à agenda ideológica de Trump.

A preocupação com o impacto de Elon Musk

Uma das principais preocupações do governo Lula é a possível influência do ambiente político americano sobre o Judiciário brasileiro, especialmente com a figura de Elon Musk, que vem ganhando crescente poder político com sua participação ativa na campanha republicana. Musk já teve embates públicos com o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente com o ministro Alexandre de Moraes, em disputas que envolveram questões relacionadas à censura nas redes sociais.

Em abril deste ano, uma comissão do Congresso dos Estados Unidos, alinhada a Trump, publicou despachos sigilosos de Moraes sobre a remoção de perfis nas redes sociais, com o objetivo de reforçar a retórica bolsonarista e de Musk de que o STF estaria praticando censura contra a oposição a Lula. Para os diplomatas brasileiros, essa ofensiva, agora com o apoio da Casa Branca, pode galvanizar a base bolsonarista no Brasil, especialmente em relação a temas como a anistia para Bolsonaro e até mesmo o impeachment de Moraes.

Musk, que já protagonizou disputas com o governo brasileiro — incluindo uma suspensão temporária da rede social X (antigo Twitter) por descumprimento de ordens do STF —, também é visto como um potencial agente de desestabilização, caso suas críticas ao sistema judiciário brasileiro ganhem mais ressonância. A interação entre Musk, Trump e o bolsonarismo poderia criar um cenário de intensificação de ataques às instituições brasileiras, especialmente ao STF, cujos membros são frequentemente alvo das críticas da direita no Brasil.

Impactos na política interna e eleições de 2026

O diagnóstico do governo Lula é que, mesmo que a vitória de Trump não tenha efeitos diretos nas eleições de 2026, ela pode aumentar a polarização política no Brasil. A ascensão de Trump fortalece o campo da direita e da agenda conservadora, energizando figuras como Bolsonaro e seus aliados. Isso poderia alterar o equilíbrio político interno, tornando a disputa eleitoral ainda mais acirrada, com a direita mobilizada e com novos pontos de tensão em torno das questões ideológicas e dos rumos do Brasil no cenário internacional.

O receio do governo é que, com o apoio de Trump e Musk, o bolsonarismo consiga consolidar uma base de apoio mais ampla, não apenas entre as elites políticas, mas também junto a setores conservadores da sociedade brasileira. Essa mobilização pode gerar uma pressão maior sobre o governo de Lula, criando um cenário de embate contínuo entre as forças progressistas e as forças conservadoras no Brasil, com reflexos diretos nas políticas internas, na questão da liberdade de expressão e até nas relações internacionais.

O reconhecimento de Lula

Apesar da apreensão interna, o governo Lula não deixou de reconhecer a vitória de Trump de forma diplomática. Em uma mensagem publicada nas redes sociais, o presidente brasileiro parabenizou Trump pelo retorno à Casa Branca e destacou a importância de respeitar a democracia. Lula ressaltou a necessidade de diálogo e trabalho conjunto entre as duas nações, desejando “sorte e sucesso” ao novo governo dos Estados Unidos.

Essa postura pragmática visa garantir que, apesar das divergências ideológicas, as relações entre Brasil e Estados Unidos continuem funcionando, especialmente nas áreas de comércio e segurança. No entanto, a expectativa é que, no campo político e ideológico, as tensões aumentem, com o fortalecimento das agendas conservadoras tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Um desafio diplomático e político para Lula

A vitória de Donald Trump, portanto, vai além de um evento político internacional. Para o governo Lula, ela representa um potencial catalisador para a intensificação do bolsonarismo no Brasil e um desafio nas relações internas e externas. O fortalecimento de laços entre o bolsonarismo, Trump e figuras como Elon Musk pode resultar em uma maior polarização no país, impactando a dinâmica política e social no Brasil e, talvez, até mesmo as futuras disputas eleitorais. O governo Lula terá que navegar cuidadosamente por essas águas, tentando manter a estabilidade interna e as relações externas, ao mesmo tempo em que enfrenta um campo conservador mais empoderado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

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