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segunda-feira, 8 dezembro, 2025
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Governo Lula contrata empreiteira de executivo investigado por corrupção para erguer muralha em presídio federal

Por Alexandre Gomes

Obra de R$ 30 milhões em Mossoró avança sob suspeitas e atrasos

O governo Lula contratou, via Ministério da Justiça, a Konpax Construções para erguer uma muralha de 800 metros no presídio federal de Mossoró (RN), mesmo tendo como principal representante nos contratos o executivo Charlys Oliveira, atualmente investigado por crimes como estelionato, falsidade ideológica e associação criminosa.

A obra faz parte do pacote anunciado pelo ministro Ricardo Lewandowski após a fuga de dois detentos ligados ao Comando Vermelho, em fevereiro de 2024 — a primeira da história do sistema penitenciário federal. O contrato está orçado em cerca de R$ 30 milhões.

A muralha em Mossoró é apenas a primeira de cinco previstas para unidades federais. Hoje, apenas o presídio da Papuda (DF) possui estrutura semelhante.


Executivo da empreiteira já foi preso e aparece em diversas investigações

Charlys Oliveira foi preso em 2020 ao tentar descontar um cheque de R$ 49 milhões supostamente ligado a um contrato falso da própria Konpax. Ele ficou detido por 32 dias. O caso gerou uma investigação do Coaf, que identificou movimentações financeiras suspeitas envolvendo outras empresas ligadas a ele.

A CGU apontou que companhias relacionadas ao executivo receberam R$ 25 milhões em contratos públicos de coleta de lixo em municípios do Ceará desde 2014.

A Polícia Civil cearense abriu inquérito em abril de 2024, três meses antes da licitação para a obra em Mossoró.


Participação direta em reuniões do governo e aditivos contratuais

Apesar do histórico, Oliveira participou de oito reuniões oficiais com autoridades da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), incluindo encontros com o diretor-executivo do órgão. Em abril, esteve presencialmente em Brasília para tratar de falhas estruturais da obra.

Em outubro, governo e empresa discutiram um aditivo de R$ 400 mil.

A Senappen afirma que desconhecia investigações envolvendo o executivo e que ele foi indicado pela própria empreiteira como interlocutor.


Obra atrasada, falhas operacionais e troca de acusações

O avanço da muralha está muito abaixo do previsto:

  • menos de 10% da obra concluída,
  • quando a previsão para novembro era de 59%.

Segundo o governo, a Konpax:

  • iniciou o trabalho com apenas 14 funcionários;
  • atrasou relatórios obrigatórios;
  • utilizou energia do presídio de forma irregular;
  • deixou o canteiro em outubro.

A Konpax nega ter abandonado a obra e responsabiliza o governo por falhas de projeto, afirmando que rochas não previstas danificaram equipamentos. A empresa diz ter recorrido às vias legais para resolver o impasse.


Histórico se repete: governo já havia contratado empresa ligada a “laranja” em 2023

Esta não é a primeira polêmica envolvendo contratos no presídio de Mossoró sob o governo Lula. Em 2023, a manutenção da unidade foi entregue a uma firma vinculada a um suposto “laranja”, também apontado em investigações.


Governo defende regularidade da licitação

A Senappen afirma que:

  • todos os trâmites legais foram cumpridos,
  • não há imputações contra a Konpax,
  • e que imprevistos geológicos justificam parte do atraso.

A muralha de Mossoró tornou-se símbolo da crise de segurança após a fuga dos criminosos, que mobilizou 50 dias de operação e consumiu R$ 6 milhões dos cofres públicos.

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