Temor de associação com facções, como o Comando Vermelho, pode levar ao recuo da proposta no Planalto
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda se deve oferecer algum tipo de apoio às famílias dos criminosos mortos durante a megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada nesta terça-feira (4) pelo portal Metrópoles.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, defende a participação da União na assistência às famílias. No entanto, setores do Palácio do Planalto demonstram resistência à proposta, temendo desgaste político e interpretações negativas.
A principal preocupação de auxiliares de Lula é que a medida possa ser associada a um suposto alinhamento com facções criminosas — entre elas, o Comando Vermelho, principal alvo da operação. Diante da repercussão desfavorável, a tendência mais provável é de que o governo recue completamente da ideia.
De acordo com avaliação interna, eventuais ações de apoio social caberiam ao governo estadual, responsável pela execução da operação. A ofensiva policial foi coordenada pela gestão de Cláudio Castro (PL) e envolveu incursões nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio.
Ministério nega intenção de prestar auxílio
Na última quinta-feira (30), Macaé Evaristo visitou o Complexo da Penha, onde ouviu relatos de moradores e classificou a operação como “um fracasso”. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também participou da visita. Ambas evitaram declarações diretas sobre eventual auxílio federal às famílias dos mortos.
Após a publicação do Metrópoles, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania emitiu nota negando que tenha sido cogitada qualquer forma de apoio a familiares de criminosos. Segundo o comunicado, a presença de Evaristo teve como objetivo “articular a retomada dos serviços públicos de educação, saúde e assistência social nas áreas afetadas pela operação policial”.
A pasta informou ainda a criação de um canal específico no Disque 100, voltado a receber denúncias e relatos de abusos ocorridos durante a ação das forças de segurança.