Ofício solicitava veículos blindados e operadores da Marinha para ações em áreas de risco no estado
O Governo do Estado do Rio de Janeiro solicitou oficialmente ao Ministério da Defesa o apoio de veículos blindados da Marinha em 28 de janeiro de 2025, conforme documento assinado pelo governador Cláudio Castro (PL) e encaminhado ao ministro José Múcio.
O pedido incluía, além dos blindados, a disponibilização de operadores e mecânicos para atuar em intervenções policiais em áreas de risco da capital fluminense.
Nove meses depois, em 28 de outubro, o Rio registrou a operação policial mais letal de sua história. Os números de mortos variam: o governo estadual fala em 64 vítimas, enquanto a Defensoria Pública investiga 132 mortes — número que, se confirmado, superaria o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos morreram.
Governo estadual lamenta ausência de apoio federal
Durante a operação, Cláudio Castro criticou a falta de cooperação do governo federal, afirmando que “as nossas polícias estão sozinhas”. O Ministério da Justiça, chefiado por Ricardo Lewandowski, rebateu as declarações e afirmou que tem atendido a todas as solicitações dos estados.
Lewandowski também é o principal articulador da PEC da Segurança Pública, proposta que tem sido alvo de críticas de governadores por supostamente centralizar a gestão da segurança na União, enfraquecendo a autonomia estadual no combate ao crime.
Projetos em tramitação endurecem combate às facções
Enquanto isso, no Congresso, a oposição busca equiparar organizações criminosas, como o Comando Vermelho, a grupos terroristas. Também tramita um projeto de lei que pretende endurecer a execução de penas contra integrantes e financiadores de facções, além de incluir roubo e furto de cargas e combustíveis no rol de crimes contra a ordem econômica.
Defesa ainda não se manifestou
Questionado sobre o pedido feito em janeiro, o Ministério da Defesa ainda não respondeu oficialmente. O espaço segue aberto para manifestação.
